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Independentes fazem a festa no Midem

O violonista brasileiro Yamandú Costa recebeu convite para gravar disco na Itália. O clima é de shows de jazz, pop, eletrônica, o dia inteiro, no Palais, nos hotéis da beira-mar mediterrânea

Por Agencia Estado
Atualização:

Gilberto Gil não resistiu. Na noite de terça-feira, o ministro da Cultura pegou o violão e, num trio improvisado com Ivry Gitils, ao violino, e Claude Nobbs, mostrando sua habilidade com a gaita de boca, tocou algumas músicas, durante o jantar de despedida de Xavier Roy da direção do Midem. Roy cede lugar a Paul Zilk. Nobbs há muitos anos dirige o Festival de Montreaux e estava como convidado do Mercado Internacional da Música. É um apaixonado pela música brasileira. Fez muito para que nossa canção atravessasse fronteiras. O Midem está na 37.ª edição. Mudou de feição, nos últimos anos. Já foi feira quase exclusiva da indústria multinacional do disco. Nos anos 80, perdeu importância, porque as multinacionais prescindiram da vitrine, uma vez que têm representação comercial em todo canto. Agora, o Midem é um encontro de produtores independentes. Feira de licenciamento de catálogos das gravadoras pequenas. Não há stand de grandes gravadoras. No lugar delas, selos alternativos - dos Estados Unidos até a China Central (um banner anuncia o ´renascimento do rock progressivo´ da região). Multidões circularam pelos corredores formados pelos quateirões de stands montados no Palais des Festivals nos quarto dias da feira, que termina amanhã.. Hoje, no início da tarde, já havia um ar de fim de festa. Amanhã, os stands serão desmontados. A direção do Midem prometia divulgar um balanço desta edição no fim da tarde de hoje. Há shows o dia inteiro, nos auditórios do Palais ou nos hotéis da beira-mar mediterrânea. Jazz, música eletrônica, pop, música clássica. Não só desconhecidos sobem ao palco. Na terça-feira houve shows do guitarrista John McLaughlin, do pianista Bill Preston, do violinista Didier Lockwood; noutro ponto, cantava a bela dinamarquesa Swan Lee, que faz uma mistura de música folclórica e eletrônica. Muito pop britânico, muito rap de toda parte do mundo, urban music com Lady Laistee, discurso ecológico com Manu Dibango. A diva Montserrat Caballè veio a Cannes para lançar o filme Caballè: Beyond de Music, um documentário que esmiúça a carreira vitoriosa e lembra os tempos de pobreza da soprano espanhola. Montserrat recebe, hoje à noite, o Midem Classical Award, que acaba de ser criado. O Midem, mesmo não interessando, como feira de negócios, para as grandes gravadoras, ainda é uma importantíssima vitrine. Os independentes colhem frutos às vezes muito rapidamente. O violonista Yamandú Costa tocou no domingo, na noite de abertura do festival - foi uma das atrações do elenco brasileira, numa edição do Midem que teve o Brasil como país-tema. Depois do show, Yamandú recebeu convite para participar de um festival de jazz na Dinamarca e para gravar um disco na Itália. Mas um balanço efetivo do lucro colhido por gravadoras e artistas brasileiros ficará para mais tarde. O que se faz, por aqui, é conhecer e estabelecer contato. O compositor José Carlos Costa Netto, diretor da Brasil Música & Artes (MB&A) empresa que coordenou a vinda dos brasileiros, ele mesmo dono de uma gravadora pequena (a Dabliú), acha que as contas se fecham num período que pode ir de três a seis meses. A pirataria é um dos assuntos mais abordados nas palestras do calendário oficial da feira; outras mesas discutem desde o papel da imprensa na cultura de massas até as questões do direito autoral. Os temas são mais ou menos os mesmos, no mundo inteiro: como gerenciar direitos, como negociá-los no mercado global e manter a gerência. A 37.ª edição do Midem tem dezenas de stands de firmas que se especializam nesse tipo de trabalho. E há a grave questão da pirataria, que responde por 50% dos CDs comercializados no mundo. Na terça-feira, em Madri, foram apreendidos 350 gravadores de CD-R (o CD gravável), quase 200 mil discos prontos para ir para a rua - os CDs piratas são vendidos, na Espanha, por camelôs, nas ruas, como no Brasil - e meio milhão de caixas para embalar discos.Temos visto fotos de cenas semelhantes. O repórter viajou a convite do festival

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