Ilana Volcov faz show sobre uma década de 70 que quase ninguém viu

Cantora faz neste sábado, ao lado do Trio Improvisado, show do projeto 'Pelo Teletipo'

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Por Julio Maria
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O universo da produção musical da década de 1970 era bem maior do que o que refletem as revisitações clássicas. O tempo passa, a terra é removida e redescobre-se para cada Cassiano outros Dom Salvadores; para cada Chiquinho de Morais alguns Arthur Verocais; para cada Roberto e Erasmo, um Burnier e Cartier.

Ilana Volcov é uma cantora de 40 anos. Nasceu em 1974, um ano em que 'Trem das Sete', de Raul Seixas, tocava no lado A, e 'Por que te Amo?', de Celso Ricardi, soava no B.

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Há pouco tempo, Ilana acompanhava amigos de Facebook que colecionam e vendem vinil quando começou a se deparar com canções que não conhecia. Um nome levava a outro e o garimpo começou a virar uma insanidade. Pensou em um projeto para cantar alguns de seus “novos ídolos” e chamou o Trio Improvisado, com Marcelo Castilha (piano), Pedro Ito (bateria) e Meno Del Picchia (baixo), para acompanhá-la. Sentindo-se livres para criar arranjos com a formação enxuta que tinham em mãos, conceberam uma noite que já sai ganhando por mostrar os becos de uma década muito reverenciada, ainda, apenas na superfície.

A ideia se tornou um projeto selecionado, ganhou patrocínio do Prêmio Funarte de Música Brasileira e virou turnê nacional. Depois de uma passagem pelo Rio, o show único em São Paulo será neste sábado, às 18h, no Circo Paratodos, no Centro. O nome da turnê e de um blog alimentado por seus bastidores é o mesmo, Pelo Teletipo, emprestado da canção de Ruy Maurity e José Jorge.

O show terá a participação da cantora Claudya, setentista (apesar de seu início nos anos 60) de carreira das mais retraídas à época, na música 'Luar nos Olhos de Luana'. “Ela me disse que jamais cantou essa canção no palco, fiquei emocionada”, diz Ilana. Claudya, que naqueles anos era Claudia, com i, havia sofrido o desprezo da crítica e de parte dos fãs de Elis Regina depois que Ronaldo Bôscoli arquitetou um show com o nome 'Quem Tem Medo de Elis Regina?', no Rio. Apesar de o show jamais ter sido realizado, ela ficou como aproveitadora do sucesso alheio. A rivalidade lhe custou caro e o Aeroporto Internacional do Galeão foi a saída mais segura para sua carreira.

'O Carona', de Tony Bizarro e Frankie Arduini, a dupla Tony e Frankie, é outro soul de alta combustão, assim como 'Uma Vida', de Dom Salvador e Arnoldo Medeiros, poderosa na gravação do grupo Abolição, de Salvador, de 1971. Outra dupla, Ton Graça e Carlos Costa, lados C ou D da época, são lembrados com a versão de 'Um Milhão de Azul', de 1973. Uma feira de vinil vai acontecer antes, a partir das 15h, e quem for ao show ganha um LP.

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