PUBLICIDADE

Ibrahim Ferrer, o grande crooner da música de Cuba

Famoso astro do documentário Buena Vista Social Club faz shoe no Brasil pela terceira vez. O cantor já ganhou um Grammy e vendeu mais de um milhão de CDs

Por Agencia Estado
Atualização:

Aos 77 anos, a figura do cantor cubano Ibrahim Ferrer, que estará hoje e amanhã no palco do Via Funchal, em São Paulo, não parece aceitar elogios superlativos e rasgos mitômanos. É simples como água, um homem cordial, de olhos brilhantes e gestos sinceros. E de memória aguda - lembra o nome das pessoas com exatidão e demonstra gratidão genuína pelas reverências. Mas o fato é que Ibrahim não é um cantor comum. Carrega o DNA da música da Ilha em sua voz, como se fosse um estuário da pureza das tradições afro-cubanas. Por exemplo: Ibrahim conta que nunca ouviu uma canção de Ray Charles (morto na semana passada), outro grande nome da diáspora da música africana pelo mundo. Ouvir Ibrahim é ouvir uma espécie de som intocado, inteiro. As canções que ele aprendeu e a música que cresceu ouvindo, em sua Santiago de Cuba natal, não foram permeadas pelo filtro global. "Mesmo Compay Segundo, que também era de Santiago, eu só fui conhecer quando formamos o Buena Vista, há poucos anos", diz. O menino que perdeu a mãe aos 12 anos e passou a engraxar sapatos e vender caramelos e balas para sobreviver nas ruas hoje é um mito. Está com a bola toda. Seu primeiro disco-solo, Buena Vista Social Club Apresenta Ibrahim Ferrer, vendeu 1,5 milhão de cópias. O segundo, Buenos Hermanos (Warner Music, 2003), rendeu-lhe um prêmio Grammy (e o trouxe de volta ao Brasil). Mesmo com o cacife lá em cima, Ibrahim vive uma situação kafkiana: não consegue visto para fazer shows nos Estados Unidos. "Não sei qual é o problema. Me dizem que eu não posso ir. Eu pergunto: o que acontece? Não é certo. Posso fazer qualquer coisa, mas nunca terrorismo. Só sou terrorista comigo mesmo. Sou muito exigente comigo e fico nervoso quando faço abaixo do que posso. Porque sei que posso fazer melhor." Tudo que Ibrahim Ferrer representa estará esta noite no palco, com uma orquestra que traz ainda a nata da mais fina música cubana, como o fabuloso contrabaixista Orlando ´Cachaíto´ Lopez, filho do grande Cachao. Com a morte, no ano passado, do grande Compay Segundo, Ibrahim talvez seja hoje o último grande crooner de uma geração de ouro da música cubana. Em seu show desta noite, ao lado de grandes instrumentistas da música de Cuba (como Cachaíto, Guajiro Mirabal, Manuel Galbán e Aguaje Ramos), Ibrahim Ferrer desfila um repertório que traz momentos emocionantes. Certamente, um deles será na hora em que interpretar La Musica Cubana, composição dele, de Chucho Valdés e do trombonista Demetrio Muñiz. Nessa música, Ibrahim enfileira uma série de nomes que fizeram a grandeza da música cubana, começando por Arsenio Rodríguez, passando por Puntillita. Algumas canções da noitada são da própria lavra de Ibrahim Ferrer, e uma é clássica: Boquiñeñe. "Compus essa música quando tinha 6 anos", ele Ibrahim Ferrer veio ao Brasil acompanhado de uma orquestra de músicos excepcionais. São eles: Demetrio Muñiz (trombone), Guajiro Mirabal (trompete) Orlando Cachaíto López (contrabaixo), Manuel Galbán (guitarra e órgão), Jésus Aguaje Ramos (trombone), Roberto Fonseca (piano), Yaure Muñiz (trompete), Toni Jimenez (sax tenor), Ventura Gutiérrez (sax barítono), Jimmy Jenks (sax tenor), Javier Zalba (flauta, sax alto e clarineta), Alberto la Noche (bongôs), Angel Terry (congas), Filiberto Sánchez (timbaus), Idania (backing vocal) e Lázaro Villa (backing vocal). Ibrahim Ferrer - Livre. Via Funchal, 65, Vila Olímp[ia, 2163-2000. Hoje e amanhã. 21h30. R$ 50 a R$ 180.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.