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Hoje é dia do Rio ouvir Santana

A última apresentação no Brasil será na Praça da Apoteose

Por Agencia Estado
Atualização:

O Santana faz neste sábado, na praça da Apoteose, no Rio, o último show da etapa brasileira de "All That I Am". Como vem fazendo em toda a turnê, o grupo abriu a apresentação de ontem à noite com Jingo, clássico de seu primeiro álbum, de 1969. Os músicos entraram no palco pontualmente às 22 horas, quando ainda havia muita gente chegando à Arena Skol do Anhembi. Segundo a produção do show, dos 25 mil ingressos disponíveis, foram vendidos 15 mil. O público, comportado, na maioria, era bem mais maduro do que o que compareceu ao show do Oasis, na quarta-feira, mas não faltaram adolescentes e até crianças. Alguns reclamaram das cadeiras na pista, que não serviram para nada, já que ninguém ficou sentado durante toda a apresentação. O roteiro equilibrou sucessos novos e antigos de Santana, como "Samba pa Ti", "Corazón Espinado", "Evil Ways", "Oye Como Va" e "Smooth". Um dos primeiros grandes momentos do show, foi quando Carlos Santana solou ao violão a abertura do "Concierto de Aranjuez", de Joaquín Rodrigo. O tema serviu de introdução para Maria, Maria, que ele gravou com Wyclef Jean no álbum Supernatural, marco da volta do grupo às paradas em 1999. Romaria Num dos vários improvisos que fez à guitarra, Carlos Santana solou trechos de "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso durante a execução de "Foo Foo". Mais adiante o guitarrista também fez citações de outros clássicos da música brasileira, como "Manhã de Carnaval", de Luiz Bonfá e Antonio Maria, e "Mas Que Nada", de Jorge Ben, esta em "Oye Como Va", que esquentou ainda mais o ambiente. Um dos momentos mais surpreendentes e de maior comoção foi quando o baixista Benny Rietveld, vestindo uma camiseta amarela da seleção brasileira de futebol, solou "Romaria", de Renato Teixeira, sucesso na voz de Elis Regina. A multidão o acompanhou em coro no refrão: "Sou caipira/ Pirapora/ Nossa Senhora de Aparecida/ Ilumina a mina escura e funda/ O trem da minha vida..." Um solo espetacular do baterista Danny Chambers (ex integrante do Parliament/Funkadelic) fechou uma das mais explosivas sessões do show. Em outros dois momentos, a reunião de antigos sucessos - "Samba pa Ti" e a dobradinha "Batuka/No One to Depend on", no primeiro, Black Magic Woman/Gypsy Queen e Oye Como Va, no segundo - deixou o público veter ano extasiado. Krishna, Cristo e a paz Trajando uma camiseta com a foto de Jimi Hendrix estampada, Santana citou seu contemporâneo dos idos de Woodstock, além de outros ícones da música mundial, como Marvin Gaye, John Lennon, John Coltrane e Bob Marley (todos mortos em situações dolorosas e prematuramente), com os quais tem grandes afinidades musicais e ideológicas. Longe do blablablá maçante de Bono (do U2), Santana também fez seu discurso humanista. Citou Krishna e Jesus Cristo ao se pronunciar brevemente em favor da paz, das mulheres e das crianças. No final, quando reuniu seus dois maiores sucessos recentes - "Smooth" e "Corazón Espinado" - o carismático Santana brincou com o público mais maduro farejando um cheiro bem familiar no ar, distribuiu palhetas de guitarra para fãs da fila do gargarejo, escolhidos a dedo, e chamou para o palco três meninos e duas meninas, que se divertiram tocando maracas e pandeiros. Uma delas até cantou junto os versos dessas canções, além de demonstrar conhecimento de "Evil Ways", o clássico com que o grupo encerrou a noite em grande estilo depois de 2h25, quase ininterruptas, no palco. Mesclando rock, jazz e ritmos afro-latinos, Santana provou mais uma vez que é muito melhor ao vivo do que tem mostrado em seus CDs mais recentes. Sem a presença dos convidados que o fez parecer coadjuvante de luxo dos próprios discos, o guitarrista, com seu estilo inconfundível e único, e seus fenomenais companheiros de banda atuaram em grande forma. Como uma reencarnação turbinada de Tito Puente, transformaram a arena numa grande pista de dança, com muito suingue latino. Showzaço memorável.

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