Treze anos é, de fato, muito para uma banda. Para um coletivo tão experimental e relevante como o Instituto, o número é assustador. O hip-hop, gênero que rege essa mistura, mas que não é a linha condutora obrigatória das canções, seja em seu início, meio ou fim das canções, já não é o mesmo. O Instituto, então formado pelo trio de produtores Rica Amabis, Tejo Damasceno e Daniel Ganjaman (este já não integra o grupo como titular), talvez não soubesse a vanguarda que exerceu na época, ao colocar rappers como o icônico Sabotage, para se aproximar do samba. Mas seus experimentos ecoam até hoje.
Violar, o segundo álbum do grupo, lançado para audição em streaming e com download gratuito a partir desta sexta-feira, 23, chega num outro cenário. O hip-hop não é tão sisudo, duro e perturbado por batidas secas. Até mesmo um grupo como Racionais MC’s é capaz de experimentar mais – como mostraram no recente Cores e Valores.
O Instituto, contudo, atira para outras direções. Flerta-se com o jazz a todo o momento, com as chegadas de grupos como o paulistano Metá Metá, inexistente em 2002, e presente de forma completa em Irocô. Seus integrantes ainda passeiam por outras faixas de Violar.
A experiência da hoje dupla com trilhas sonoras de seriados e filmes trouxe um caráter mais imagético para o que se ouve ao longo das 13 canções, desde a instrumental Polugravura atéBaía. Cada canção parece estabelecer um tijolo de uma estrutura bolada pelos arquitetos sonoros Damasceno e Amabis. Soam sinestésicos, como se as canções tivessem cor: e ela é cinza, urbana, suja. Até o lado mais pop, caso de Tudo o Que Se Move, com Tulipa Ruiz, é uma crítica direta ao descontentamento político. “Tudo o que se move há de colidir”, canta ela. O canto é doce e as palavras, amargas. Enquanto o Instituto ilumina o hip-hop com novas experimentações a serem copiadas nos próximos anos, sua temática é extremamente atual. E necessária.