Herbert Vianna de volta, em show e disco

Um ano e sete meses depois de cair com um avião em Mangaratiba, litoral carioca, Herbert não só voltou ao palco para um show profissional, como tocou 25 canções durante uma hora e 20 minutos

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Por Agencia Estado
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Vai parecer pieguice, mas deu um nó na garganta quando o homem atacou Vital, grande hit da primeira metade dos anos 80, soltando os pulmões como soltaram os cavalos para aquela corrida de bigas do filme Ben-Hur. "É uma bênção sem tamanho renascer e voltar a fazer isso diante de pessoas que são tão entusiasmadas", disse Herbert Vianna, o redivivo líder do grupo "Paralamas do Sucesso", em show na noite de terça-feira no Projac da Globo, no Rio. Um ano e sete meses depois de cair com um avião em Mangaratiba, litoral carioca, Herbert não só voltou ao palco para um show profissional (na gravação de um programa de televisão), como tocou 25 canções (algumas repetidas) durante uma hora e 20 minutos, sem demonstrar fadiga ou grandes problemas de concentração. É certo que ele errou antes de algumas entradas, repetindo a música que acabara de tocar (caso de Fui Eu), mas ele mesmo notou o erro e recomeçou, brincando com os lapsos de memória. E, de vez em quando, o baixista Bi Ribeiro ´´assopra´´ o próximo item do repertório para o guitarrista e cantor, quando este demonstra hesitação. O retorno de Herbert e os Paralamas do Sucesso se dá numa frente ampla. Na sexta-feira, chega às lojas o novo álbum da banda, Longo Caminho (EMI), com 200 mil cópias vendidas antecipadamente. O trio gravou o disco entre março e abril deste ano. Em novembro, eles iniciam uma turnê com o vocalista, começando justamente pela cidade onde ele nasceu, João Pessoa, na Paraíba. Herbert está empenhado na divulgação do disco e da turnê e deu entrevista no Rio para falar de seu retorno. "A gente está com fome de bola", afirmou, em entrevista, recorrendo à gíria futebolística. "É como a turma da escola mesmo, quando está brincando, fazendo zona (´de uma forma saudável´, ressaltou com cuidado), sente uma felicidade tremenda. É um bom tempo entre a vida e a elevação espiritual. Deus quis que eu pudesse ficar e tomar conta dos meus filhotinhos", afirmou, revelando uma aproximação forte com a crença espírita. Boa parte das frases revela essa nova fé. "Meus amigos Bi Ribeiro e João Barone; a gente deve ter vivido juntos em outra encarnação para ter um entendimento tão maravilhoso." Herbert Vianna demonstra notável percepção das coisas. No show de terça à noite, viu, de longe, os três filhos pequenos dançando ao som de Lourinha Bombril e sorriu, acelerando o andamento da canção e apontando as crianças com a cabeça. Tem duas grandes cicatrizes na cabeça e está em boa forma física, com a voz a todo vapor. No seu showcase para a Rede Globo (que será exibido no Fantástico, em duas etapas, neste domingo e no próximo), ele mostrou cinco músicas do novo álbum (uma delas será tema da nova novela das 6), sem esquecer as letras nem trocar acordes. De vez em quando, ainda se atrapalha com os pedais da guitarra, que opera com as mãos, mas é raro. Especial de TV - Era para ser um set de 17 músicas, abrindo com Vital e fechando com Alagados. Mas os Paralamas acabaram tocando 25 músicas, algumas delas repetidas para enquadrarem-se no padrão de um especial de TV. Só um convidado especial subiu ao palco: o guitarrista Dado Villa-Lobos, ex-Legião Urbana, o amigo que socorreu Herbert Vianna em Mangaratiba, em 4 de fevereiro de 2001, quando o ultraleve que o cantor pilotava espatifou-se no mar. Dado Villa-Lobos toca também em uma das faixas do disco novo dos Paralamas, Soldado da Paz. "Não dava para resistir", disse Herbert. "Ele é o soldado da paz mesmo, um ser humano tão elevado, um brilho absoluto", afirmou, sobre o convidado. Estruturado com antigos hits e com as cinco primeiras músicas do disco novo, o roteiro da apresentação de terça-feira à noite no Rio parece ser o esqueleto do que vai ser o novo show dos Paralamas, com uma grande variedade de hits inapeláveis da banda, como Cinema Mudo, Meu Erro, Selvagem, Patrulha, Que País É Esse? (do Legião), Lourinha Bombril, Alagados, Uma Brasileira, Fui Eu e Ela Disse Adeus. Rapidez - As músicas novas quebram um pouco o ritmo, por serem mais arrastadas, mais Herbert segura muito bem na guitarra e nos vocais, fazendo bonito nos solos de Vital e O Calibre. O cantor não perdeu as manhas do show biz e é rápido nas decisões. Quando a equipe preparava o palco para a entrada dos metais (trompete, trombone e sax), dos teclados de João Fera e da percussão, ele empunhou a guitarra e disse: "Posso cantarolar alguma coisa para passar esse tempinho." E emendou com um de seus maiores sucessos, Quase um Segundo, em versão econômica. A platéia adorou.

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