29 de maio de 2018 | 23h26
Na chegada, os ambulantes pedem desesperados por ingressos. “Sobrando ingresso, eu compro”, diziam eles. Quase um ano após o anúncio e o início da venda de ingressos, encontrar entradas para o show de Harry Styles em São Paulo, no Espaço das Americas, na noite desta terça-feira, 29, era das mais difíceis. Com os 7,5 mil bilhetes esgotados há um ano - e disputados a tapa - era raro encontrar alguém com um ticket sobrando.
É a prova de um astro pop que poderia ser maior do que quis. Mesmo em tempos de crise, o jovem inglês de 24 anos poderia, facilmente, lotar uma arena grande. É claro, o passado com o One Direction, boy band integrada por cinco anos e deixada em 2015, tem seu peso na popularidade do rapaz. Mas a força de Harry Styles, o disco desta nova fase da carreira, lançado no ano passado, também tem força sozinho.
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Não é por acaso que foram apenas três canções da banda formada durante a participação do reality show musical X Factor, enquanto o disco solo foi executado na sua totalidade. Trata-se de um artista em busca da própria identidade.
Solo, Styles chegou a São Paulo com uma banda formada por dois homens e duas mulheres, quem ele introduziu somente no bis e aparentemente confortáveis no papel de coadjuvantes da noite. O brilho era dele, afinal, Harry Styles. Como disse Guilherme Sobota, repórter do Caderno 2, também presente na apresentação, o guri nasceu para ser uma estrela. Ele não poderia estar mais certo.
Harry Styles já é uma estrela. A ideia era que a turnê de volta ao Brasil tivesse um ar intimista, por isso a opção por casas de show com lotação menor do que ele seria capaz de angariar. No palco, contudo, a atitude do ex-One Direction é de alguém cujo habitat é o palco e estar diante de milhares de pessoas. A linhagem corporal é perfeita, os beijos distribuídos para o público sedento por atenção, dancinha moderada, o cantar de olhos fechados, as frases em português. Se houvesse uma um teste, Harry Styles passaria com louvor.
É claro, ser um ídolo teen tem suas consequências. O rapaz não necessita de backing vocals ou de playback em sua performance. O público canta cada uma das 17 canções como se fosse a última. Intenso. Gritado. Efusivo. Alucinado. Resta pouco espaço sonoro, por vezes, para que Styles cante sozinho, mas faz parte do jogo. E ele, sorridente, pede por mais, sempre que possível.
Nada disso importaria não fosse o show. Diante de um público de 7,5 mil pessoas, Styles é soberano. Seu repertório do novo disco traz maturidade. É pop sem perder a essência. Cristalino na sua referência ao rock setentista, o inglês expõe suas referências sem perder o entendimento do que o público pede. Sign of the Times é o grande momento maduro da performance, embora canções como Kiwi sejam mais cantadas.
Diante da “síndrome de Peter Pan” pela qual o pop sofre, numa incapacidade de aceitar a maturidade, Harry Styles faz o inverso. Busca a vida adulta, aos 24 anos, quando a indústria pedia - e aceitava - o contrário. É uma estrela pop. Pronta, já, para saltos ainda maiores.
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