Harry Connick lança disco instrumental com quarteto

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Por Agencia Estado
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Pouco conhecido no Brasil, o cantor e pianista norte-americano Harry Connick Jr. foi um dia chamado de o menino de ouro do jazz e o novo Frank Sinatra. Isso aconteceu no fim dos anos 80, quando Connick apareceu com sua bela voz e seu rosto de galã. Em 89, o músico compôs a trilha sonora do filme Harry & Sally, Feitos Um Para o Outro e estourou nos Estados Unidos. No meio dos anos 90, ele arriscou uma aventura pela música pop e quebrou a cara. Críticos e fãs do cantor acharam que Connick tinha perdido o rumo e estava fadado ao ostracismo. Tudo voltou ao normal com os lançamentos dos discos To See You (97) e Come By Me (99), quando o cantor retornou ao jazz e às gravações com grandes orquestras. Em 2001, o inquieto músico escreveu seu primeiro musical para a Broadway, Thou Shalt Not. A montagem foi bem recebida pela crítica, mas um fracasso de público. O músico não desanimou e agora volta com o disco Other Hours, o primeiro lançado pelo selo Marsalis Music, com a autorização de sua gravadora, a Sony. O CD é uma revisão das canções do musical da Broadway, desta vez totalmente instrumental. Os fãs, pela primeira vez, vão ter a oportunidade de escutar o músico tocando com um quarteto (piano, sax, baixo e bateria) e abusando do improviso. Desde o disco Lofty?s Roach Souffle (90), Connick não lançava um disco instrumental. Em músicas como Sovereign Lover e Such Love, ele mostra toda a sua criatividade ao piano. A maioria das composições é lenta e o sax tenor de Charles Ned Goold também tem espaço para brilhar em complicados solos. Em músicas como Can?t We Tell, Take Advantage e My Little World, o piano de Connick tem momentos de perfeita harmonia com o sax de Goold. O disco tem seu grande momento quando o quarteto mostra-se mais conciso. Apesar de ter as big bands e o jazz de Nova Orleans como principais influências, Connick mostra que pianistas como Dave Brubeck, Thelonius Monk e Bud Powell também foram assimilados. Isso está muito claro em faixas como Such Love, que lembra o quarteto de Brubeck, Dumb Luck e em What a Waste. Com o lançamento de Other Hours, o primeiro de uma série de CDs instrumentais que o pianista lançará pelo selo da família Marsalis, Harry Connick Jr. prova que está muito longe de ter sido apenas mais um promissor músico de jazz. O que torna Harry Connick diferente de muitos outros candidatos a estrela de jazz é a versatilidade. Ele consegue ser ao mesmo tempo bom músico, arranjador, compositor, cantor e, de quebra, um ator bem razoável. Alguém duvida que o menino, de 35 anos, vai longe? O CD deve ser lançado no Brasil em agosto.

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