Há 40 anos, assassinato de John Lennon comovia o mundo

Ex-Beatle foi assassinado no dia 8 de dezembro em frente à sua casa em Nova York

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Por Cédric Simon
Atualização:

Nova York, 8 de dezembro de 1980, pouco antes das 23h00. John Lennon e sua mulher Yoko Ono voltavam para casa após uma sessão de gravação, quando um homem aparece na frente do prédio e atira no músico cinco vezes. 

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Gravemente ferido, Lennon é levado às pressas para um hospital no banco de trás de um carro da polícia. Mas ele havia perdido muito sangue e "não tinha chances de sobreviver", explicou um médico. 

"O ex-Beatle John Lennon foi assassinado na segunda-feira em frente à sua casa em Nova York": o primeiro despacho daquela noite deu início a uma ampla cobertura da AFP sobre o trágico assassinato de um artista cuja popularidade era planetária.

O assassino, preso no local do crime, se chama Mark Chapman, tem 25 anos e diz que não resistiu às "vozes" que o levaram a matar Lennon.

O ex-Beatle John Lennon Foto: AFP

Horas antes de passar ao ato, Chapman havia se juntado a outros fãs na frente da casa do cantor, que autografou para ele uma cópia de Double Fantasy, seu novo disco. 

Aos 40 anos, o músico britânico voltava à ribalta após vários anos de silêncio. Mas ninguém o havia esquecido, mesmo 10 anos após o fim dos Beatles, conforme os arquivos da AFP revelam sobre as homenagens prestadas.

Os Beatles, em imagem de 29 de junho de 1966: Paul McCartney, John Lennon, Ringo Starr e George Harrison, em Tóquio Foto: Jiji Press/ AFP

Grande tragédia

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É uma "grande tragédia", afirmou o então presidente eleito dos Estados Unidos, Ronald Reagan, logo após o anúncio da morte do músico, enquanto milhares de pessoas se reuniam próximo ao Central Park, em frente ao prestigioso Dakota Building onde residia Lennon com Yoko Ono e seu filho Sean

Apesar dos anos de silêncio, John Lennon - que causou escândalo anos antes ao comparar a popularidade dos Beatles com a de Jesus - recebeu homenagens massivas.

Em 14 de dezembro, entre 100.000 e 200.000 pessoas enfrentaram o frio no Central Park, a dois passos da cena do crime, para prestar homenagem ao artista.

Centenas de rádios americanas transmitiram incessantemente a música dos Beatles durante um dia inteiro e observaram os dez minutos de silêncio desejados pela viúva do músico.

Até Moscou

"É preciso voltar à trágica morte de John Kennedy ou do pastor Martin Luther King na década de 1960 para encontrar tamanha comoção com a morte de uma personalidade", disse a AFP naquele dia.

No Reino Unido, o impacto foi enorme. Em Liverpool, cidade natal do músico pacifista, "cerca de 20.000 pessoas cantaram juntas Give Peace a Chance" ao final de um concerto organizado em sua homenagem em 14 de dezembro.

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As homenagens chegaram a Moscou, onde a polícia teve que intervir para dispersar centenas de jovens reunidos perto da universidade, carregando retratos de Lennon. 

A União Soviética não ficou de fora do fenômeno dos Beatles, o grupo pop do século, cujos álbuns importados eram vendidos no mercado negro.

O piano com o qual compôs Imagine foi vendido em 2000 em Londres por 2,45 milhões de euros (2,95 milhões de dólares) e uma de suas guitarras por mais de 2 milhões de dólares (1,66 milhões de euros) nos Estados Unidos em 2015.

Alguns nostálgicos também não hesitaram em pagar 137.500 libras (152.000 euros, US$ 182.000) por um par de seus famosos óculos de sol redondos e até US$ 35.000 no Texas em 2016 por uma mecha de seu cabelo.

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