Gui Amabis reafirma seu lado autoral em seu terceiro disco solo

O produtor e compositor lança ‘Ruivo em Sangue’, realizado no eixo Brasil-Portugal; show começam em julho

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Por Adriana Del Ré
Atualização:

Em 2011, Gui Amabis lançou seu primeiro disco, Memórias Luso/Africanas. Para aquele primeiro trabalho solo, o produtor e músico paulistano, que já vinha de uma carreira consolidada na composição de trilhas, se conectou com suas origens portuguesas e africanas após crescer ouvindo histórias da família e seus ancestrais.

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Com o segundo disco, Trabalhos Carnívoros, de 2012, ele recriou um clima mais introspectivo. Agora, Gui dá seu terceiro passo, no disco Ruivo em Sangue, indo por caminhos mais amplificados, abrangentes.

“Me interesso muito por minha origem, como as coisas se organizaram. É algo muito presente nas minhas letras, nas canções que faço. No primeiro disco, isso é mais claro, nos outros, está mais diluído”, conceitua Gui. 

Lançado hoje em versão digital – é possível fazer download das canções no site do compositor, www.guiamabis.com.br –, o álbum foi criado no eixo Brasil-Portugal. Tudo começou em 2013, quando Gui foi pela primeira vez a Lisboa a convite da cantora e compositora portuguesa Rita Redshoes.

Por essas ironias do destino, o compositor fazia o caminho inverso de seus avós, que haviam partido, muitos anos atrás, da terrinha rumo ao Brasil. 

Rita ouviu, por acaso, no rádio músicas do Caravana Sereia Bloom, disco da cantora Céu produzido por ele. Ela não conhecia nenhum dos dois, mas se interessou por aquele trabalho e entrou em contato com Gui, convidando-o a produzir seu álbum.

Ele atendeu o chamado e lá passou um mês envolvido no projeto. Desse encontro, também nasceram canções em parceria e participação de Gui Amabis cantando no álbum de Rita. “Ela é bem popular em Portugal”, define ele.

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Gui retornou depois a Portugal para participar, durante um mês, da divulgação do disco de Rita. E acabou ficando por lá para terminar o que seria seu terceiro trabalho.

Além de tudo, o estúdio lá saía mais barato do que aqui. Levou consigo seis canções, compostas até então com bateria, baixo e guitarra.

Foram três meses em que permaneceu focado na gravação dos arranjos e nas outras composições. Nesse período, ele caminhava pelas ruas da cidade diariamente, por duas, três horas, sem destino. 

Aquele cenário não refletiu diretamente na concepção de Ruivo em Sangue, mas, sim, o estado de espírito de Gui naquele momento. “Acho que estar sozinho lá me influenciou mais do que o lugar. Foram quatro meses de convivência intensa com a cidade, talvez isso tenha me inspirado mais do que as imagens. Não troquei ideias musicais profundas, é muito do que eu já tinha daqui.” 

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Isso não quer dizer que ele ficou isolado. “Eu e o Fred (Ferreira, português), da Banda do Mar, nos encontramos várias vezes.” Além disso, Gui Amabis assina parcerias no disco, caso da bela Graxa e Sal (feita com Regis Damasceno, com quem ele tem outras duas canções no disco), que mostra força mesmo nos poucos versos que formam sua letra, Patrulha Desorientada (com Marcelo Cabral) e Gathered Mind (com Dustan Gallas), cantada em inglês.Sem contar nos músicos que o acompanham no disco. 

Mas o processo do disco, em si, foi solitário. Gui enxerga os dois lados da moeda. “É difícil eu fazer as letras em parceria, não consigo. A criação solitária limita você por um lado, porque você fica com um ponto de vista, e leva você também por caminhos pelos quais não iria se estivesse acompanhado. Você fica mais livre”, pondera. 

O disco físico está previsto para ser lançado no próximo mês e os shows devem começar entre final de julho e início de agosto. Gui conta que, desde o segundo disco, se sente mais tranquilo subindo ao palco.

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É como parece cantar em Eles Eram Humanos, uma das faixas de Ruivo em Sangue: “Hoje eu posso cantar livremente que a vontade é segura e o seguro é valente”.

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