Grupo de reggae, Digitaldubs lança primeiro CD

No álbum Digitaldubs Apresenta: Brasil Riddims - Volume Um, Reggae da Raiz até as Folhas, a voz dos guetos cariocas no riddim jamaicano

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Por Agencia Estado
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Dá para contar nos dedos de um maneta os projetos consistentes envolvendo o reggae no Brasil. E quase todos já arquivados no passado. Acontece que ultimamente a trupe carioca Digitaldubs vem abrindo caminho e marcando terreno de um jeito novo e interessante. Formada pelos selectors (ou DJs) MPC, Nélson Meirelles, Cristiano Dubmaster e Kuque, a equipe de som é especializada no mais popular gênero jamaicano e seus derivados, como dub e dancehall. Em cinco anos de existência, suas festas já viraram clássicas e saíram do Rio para outros Estados. Agora o quarteto lançou seu primeiro CD, Digitaldubs Apresenta: Brasil Riddims - Volume Um, Reggae da Raiz até as Folhas (independente) fazendo um mix de reggae clássico com as citadas variantes. São 15 faixas divididas entre eles com diversos agregados, de estilos também variados: Rramos, B Negão, Mr. Catra, Ras Bernardo, Biguli, Gerson da Conceição, entre outros. O esquema é o mesmo do riddim jamaicano: os caras criam uma base instrumental pulsante que pode ser aproveitada por outros de várias maneiras. A diferença é que, em processo natural, o Digitaldubs imprime cores brasileiras às bases importadas. Mais especificamente da música de preto feita nos morros e guetos do Rio: samba, hip-hop e funk-favela. São oito riddims que se transformam em 15 versões. O que mais rendeu foi o Cubimba Riddim, desmembrado em quatro. Coincidentemente estas são as melhores faixas do CD, com B Negão na frente. Sua adaptação de Sorriso Aberto, samba de Guará, do repertório de Jovelina Pérola Negra (1944-1998), é matadora. Biguli, com Lucro, também faz um raggamuffin-embolada dos bons. Sobre o 80 Riddim, Gerson da Conceição canta bonito viajandão em Procurando Abrigo. Quando não diluído em outros ritmos, reggae brasileiro é muito chato (os detratores dizem que o jamaicano também é). E aí está o gaúcho Armandinho, o regueiro da vez entre os mauricinhos, para confirmar. E tome batida monótona e macaqueada, versos repetitivos e encharcados de clichês, etc. Embora ainda careça de mais elaboração nas letras - que incluem mulheres, denúncia social, violência e camaradagem como temas -, o projeto do Digitaldubs é alentador.

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