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Grupo britânico engajado toca no Brasil

Por Agencia Estado
Atualização:

O Asian Dub Foudation, grupo britânico no qual todos os integrantes são descendentes de indianos e celebrizaram-se por denunciar o racismo reinante na indústria musical da Terra da Rainha, chega ao Brasil em abril para shows em quatro cidades. No dia 20, estará no Abril pro Rock, no Recife, dividindo o palco com a Nação Zumbi. Em 25 de abril, tocam no Rio, no Canecão, com O Rappa. Em São Paulo, tocam no dia 27, no Sesc Belenzinho, tendo como convidados Marcelo D2 e outros músicos. Fecham a turnê no dia 28, em Belo Horizonte, no Eletronika, tocando de novo com a Nação Zumbi. Chandra anunciou que a primeira turnê do Asian Dub Foundation será inesquecível. Primeiro, porque vão tocar aqui pela primeira vez músicas do seu novíssimo álbum, ainda inédito, Bustha. "Não gosto de definir, mas é algo como o habitual, com linhas marcantes de baixo à frente, dubs, um mix de guitarras com eletrônica", disse. Em segundo lugar, a turnê é especial porque o coquetel rítmico do ADF é de uma ferocidade e contundência incomuns. No início, eles definiam sua música como "asian jungle punk", o que parecia indicar a mistura entre ritmos tradicionais indianos o big beat das pistas britânicas e a fúria do punk rock. "Isso foi no início, mas não está longe da verdade", diz Chandra. "Eu vejo distância, mas não contradição entre a cultura urbana da Europa e a espiritualidade da cultura asiática", pondera o músico. "Hoje, as histórias de Ocidente e Oriente estão conectadas, pelo bem ou pelo mal, e a cultura jovem urbana encarrega-se de juntar experiências e unir opostos." Formado em 1993 em Londres, o Asian Dub Foundation surgiu dentro de uma experiência revolucionária de ensino musical e conscientização política para jovens no centro Community Music, em Farringdon. O mentor do projeto era o baterista de jazz John Stevens. O ADF foi criado por Aniruddha Das (o baixista Dr. Das, que dava aulas no Community Center) e um de seus alunos, um garoto de 15 anos chamado Deeder Zaman (Master D, o MC do grupo). Zaman tem passagens por grupos como Joi e State of Bengal. Depois, veio o DJ John Pandit (Pandit G), outro ativista que trabalhara em uma organização que monitora a perseguição policial e racial na zona leste de Londres. A seguir veio o guitarrista Chandrasonic e o dançarino e DJ Sanjay Tailor. "Atualmente, nós temos um novo integrante no grupo, que é o baterista Rocky Singh, que já participa do novo álbum", diz Chandra. Outra novidade do disco é a participação de músicos dos grupos Invasian e Maad Ethics, conta. O primeiro single foi Conscious, de 1994, gravado pela Nation Records. Naquela época, o Asian Dub era apenas um trio. Depois, com dois membros adicionais (Bubble-E e DJ Sun-J), eles passaram a tocar na cena club de Londres e tornaram-se uma sensação instantânea. No ano seguinte, gravaram Facts and Fictions e, em 1998, o que é considerado seu disco essencial, Rafi´s Revenge. Ganharam a admiração de gente famosa, como Bobby Gillespie, do Primal Scream, são paparicados pela crítica, mas mantêm-se fiéis à sua utopia básica, a de fazer uma música com raízes fincadas num propósito político e com base comunitária. "Não há regras de composição", diz Chandra. "Desenvolvemos as coisas juntos, de maneira orgânica, encaixando linhas de baixo com riffs de guitarra, conversando muito, democraticamente", conceitua. Mas como escrever uma letra de música com 12 cabeças diferentes pensando? "Da mesma maneira, conversando, discutindo", ele diz. "Acho que a inspiração é uma coisa importante na criação artística, mas também acredito que a realidade impulsiona a inspiração", explica o guitarrista, que cita uma miríade incrível de músicos como fontes de influência: Jimi Hendrix, Funkadelic, Parliament, Public Enemy, Orbital, jungle, reggae e música indiana. "Sim, gosto de Eminem também" surpreende Chandra. "A música dele carrega um tipo de pensamento de exclusão e representa milhões de brancos americanos, mas é incrivelmente talentoso e divertido." A banda foi escolhida pelo British Council para dar a partida no projeto MPB-BPM (British Popular Music - Música Popular Brasileira), que promove encontros musicais. Além dos concertos, o grupo fará workshops para jovens carentes nas quatro cidades em que se apresentará. Chandra demonstrou curiosidade em conhecer as favelas do Brasil.

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