Gravadoras ameaçam internautas e investidores

Na guerra contra a pirataria digital, a associação americana de gravadoras promete levar à Justiça tanto aqueles que usam os sites de troca de arquivos quanto os que investiram neles

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Por Agencia Estado
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A guerra contra a pirataria na internet não terminou com a falência da Napster. As grandes gravadoras querem vingança e lançam-se contra o que sobrou do serviço de troca de arquivos: seus investidores. A indústria fonográfica surprendeu todo mundo esta semana ao ameaçar publicamente os usuários de outros sites do gênero. Ao mesmo tempo, a gigante dos computadores Apple apresentou um novo projeto que pode mostrar o futuro da comercialização de música pela internet. O novo round na luta entre gravadoras e artistas contra piratas (ou seja, grande parte do público consumidor de música que tem computadores) começou a ser travada esta semana. Cerca de 200 mil usuários dos sistemas Grokster e Kazaa receberam e-mails em que a Recording Industry Association of America (RIAA) dizia que eles são "facilmente identificáveis" e podem sofrer "punições legais" se continuarem a trocar arquivos de música. Mais 1 milhão de internautas devem receber a ameaça nas próximas semanas. Na semana passada, o grupo recebeu uma notícia ruim da Justiça: não é possível fechar os web sites Grokster e Morpheus porque eles não têm controle do que é trocado em suas plataformas. Ou seja, há arquivos que podem ser trocados legalmente, então não há motivo para a punição radical. A analogia feita foi com o videocassete: não é possível proibi-lo porque alguém copiou um filme sem pagar direitos autorais enquanto milhões de pessoas usam o aparelho de maneira legal. Outra medida polêmica de duas gravadoras da organização esta semana foi processar os investidores que colocaram dinheiro na Napster, com a alegação de que eles têm culpa no crime de promoção de troca ilítica de arquivos musicais na internet. Legalmente, até agora, apenas executivos de uma empresa podiam ser denunciados por um crime cometido pela companhia. Se elas ganharem a ação, analistas de Wall Street prevêem que o financiamento de novos negócios vai estar seriamente comprometido. A empresa citada é a Hummer Winblad Venture Partners, que colocou US$ 13 milhões na Napster em abril de 2000, muito antes de a Justiça declarar ilegais as práticas do web site. As gravadoras querem US$ 150 mil por cada infração de direitos autorais. Em contrapartida, a Apple Computer Inc., fabricante dos computadores Macintosh, lança um serviço legal de venda de música pela internet. A iTunes Music Store vai ter mais de 200 mil canções disponíveis ao preço de 99 cents por download. O projeto inclui alguns dos maiores nomes da música, que até pouco tempo atrás não queriam saber de ter suas criações na internet: como Bob Dylan, U2, Eminem, Sheryl Crow e Sting. A novidade é que a loja virtual não tem praticamente nenhuma proteção de direitos autorais, ao contrário de outras iniciativas semelhantes. Esta parece ter sido a concessão importante das grandes gravadoras para que o negócio dê certo. A Apple permite que as canções fiquem em sua memória virtual para sempre, sejam divididas com até três computadores e transferidas para quantos iPods (o revolucionário player digital de canções da marca) o consumidor quiser. Também é possível queimar a faixa em CDs quase sem restrições. Por enquanto, o serviço está disponível apenas a usuários de Macs, mas até o final deste ano a Apple pretende estendê-lo para quem prefere PCs. Com ou sem pirataria, comprar CDs parece mesmo coisa do passado.

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