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Grammy também é vitrine para o jazz

Por Agencia Estado
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O Grammy chega este ano à sua 43ª edição. Marcada para 21 de fevereiro, a festa é, incontestavelmente, a mais badalada premiação do meio musical. E não é apenas porque as maiores estrelas da música prestigiam o evento. O grande trunfo do evento é a abrangência das premiações. Ao todo são 100 categorias divididas nos mais variados gêneros: jazz, blues, clássico, reggae, folk, entre outros. Infelizmente muitas delas são ofuscadas pelas premiações da música pop. Uma das categorias mais tradicionais do Grammy é o jazz. Muitas gravadoras, como Verve e Blue Note, usam a grife Grammy para constatar a qualidade do disco. Olhando os indicados desse ano, mais uma vez, é possível perceber que o marketing das gravadoras não teve grande influência nos membros da academia na hora de escolherem os artistas, o mesmo não ocorreu em categorias mais populares. O jazz é dividido em seis categorias: melhor álbum de jazz moderno, com orquestra, instrumental, latino, vocal e melhor gravação instrumental. Na categoria vocal, três mulheres e dois homens estão no páreo. Dee Dee Bridgewater em Live at Yoshi´s. O disco é um registro gravado ao vivo na Califórnia. Seu desempenho é cada vez mais parecido com Ella Fitzgerald. Acompanhada de um tradicional trio de jazz, Bridgewater empolga em clássicos como Cherokee e Love For Sale. Duas "novas" cantoras podem surpreender: Dianne Reeves em In The Moment, Live e Nnenna Freelon com Soulcall. Freelon é vista como uma das melhores cantoras da atualidade. Escute Straighten Up and Fly Right e a versão de I Say a Little Prayer e tire sua conclusão. Já Reeves foi produzida pelo pianista George Duke. Ela canta duas versões de músicas brasileiras: Bridges (Travessia), de Milton Nascimento e Triste, de Tom Jobim. Entre os homens, o destaque fica com o disco Merry Go Round, do irmão mais novo de Nat King Cole, Freddy Cole. Suas versões de I Remember You e You´re Sensational provam que clássicos do jazz sempre valem uma nova leitura.. Kurt Elling volta com Live in Chicago. Essa é a terceira indicação ao Grammy. Com um conjunto afinado, Elling convida Jon Hendricks para cantar em Goin´ to Chicago e enfeitiça o ouvinte em Smoke Gets in Your Eyes. Na área instrumental velhos conhecidos do público disputam esse ano. Entre os álbuns, os favoritos são: Contemporary Jazz, de Branford Marsalis, e Time is Of The Essence, de Michael Brecker. O jazz puro volta ao repertório de Marsalis. Desde a morte do pianista Kenny Kirkland, o sax tenor não tocava notas tão inspiradas. Acompanhado do pianista Joey Calderazzo, o disco caminha entre o clássico Cheek to Cheek e o blues Sleepy Hollow. Michael Brecker é quase uma unanimidade. Ganhou sete vezes. Desta vez pode conquistar outros dois. A música Outrance, que tem um solo do veterano baterista Elvin Jones, concorre como melhor canção instrumental. Brecker homenageia Eddie Harris em Renaissance. Além de Jones, outras feras como Pat Metheny e Jeff Watts completam a banda. Os outros concorrentes são: Prime Directive, do baixista Dave Holland; In & Out, dos veteranos Martial Solal (piano) e Johnny Griffin (sax) e o belo Spirit Song, do pianista Kenny Barron, que disputa ainda melhor gravação com a versão de Passion Dance, de McCoy Tyner. Sobre a melhor gravação de jazz, além das citadas, há três outros velhos conhecidos da cerimônia. O guitarrista Pat Metheny, que já ganhou 12 vezes, ataca com um jazz tradicional em (Go) Get It, do disco Trio 99>00 . O pianista Keith Jarrett, acompanhado apenas do seu piano, voltou com um disco cheio de clássicos e agradou em cheio. A versão de Duke Ellington, I Got It Bad, foi a escolhida para sintetizar o inspirado álbum The Melody At Night, With You. O último indicado é o Terence Blanchard por I Thought About You do disco Wandering Moon . O trompetista já ganhou um Grammy pelo disco The Heart Speaks, um tributo a Ivan Lins. Blanchard também é conhecido pela trilhas de Malcolm X e Mo Better Blues, ambos de Spike Lee. O jazz evoluiu com as anos. Hoje, há uma parte do gênero rotulada como contemporâneo. Nas paradas é conhecido também como smooth jazz ou "jazz suave". Este ano, os reis do gênero, Fourplay, estão na dianteira com Yes, Please. O grupo continua com a mesma formação do último disco, incluindo o guitarrista Larry Carlton, que substitui Lee Ritenour, Bob James (piano), Harvey Mason (bateria) e Nathan East (baixo). O destaque fica para a faixa Robo Bop. Outro favorito é Béla Fleck & The Flecktones, com Outbound. Fleck conseguiu elevar o banjo a instrumento pop. Sua música pode ser comparada a Dave Matthews. A diferença é a forte herança do Bluegrass. O disco concorre também como melhor música pop instrumental por Zona Mona. O jazz com raízes na África e América Latina sempre teve espaço na América. Depois da febre Buena Vista e Ricky Martin, o interesse aumentou . O favorito é o pianista cubano Chucho Valdés com o disco Live At The Village Vanguard. Valdés é reverenciado como o maior pianista cubano de todos os tempos. Dois "novos" talentos podem surpreender : o saxofonista porto-riquenho David Sánchez, com Melaza, e o pianista panamenho Danilo Perez, com Motherland. Fechando os indicados estão o percussionista Bobby Sanabria, com Live & In Clave, e Gary Burton, que virou sinônimo de vibrafone, homenageando Astor Piazzolla em Libertango.

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