Grammy de jazz confirma favoritismos

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Por Agencia Estado
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Na última quarta-feira foi realizada a entrega do 44.º Grammy, em Los Angeles. Ao todo foram 101 categorias. Na de jazz, seis intérpretes foram premiados. O grande destaque desta categoria foi o saxofonista Michael Brecker e seu disco Nearness Of You - The Ballad Book, lançado no Brasil pela gravadora Universal. O CD venceu duas vezes este ano. A primeira pela categoria melhor música instrumental com a canção Chan?s Song, e o segundo prêmio com a música Don?t Let Me Be Lonely Tonight, na categoria melhor cantor pop, interpretado por James Taylor. Este música foi originalmente escrita por Taylor nos anos 70 e lançada no disco One Man Dog. Michael Brecker era o grande favorito este ano. Apesar do disco não ter sido indicado como melhor álbum de jazz, o trabalho realizado neste disco merecia pelo menos um prêmio. Brecker, que agora soma oito prêmios, se incluirmos o Grammy pelo disco Out Of The Loop, de 94, com o irmão Randy Brecker, convidou renomados músicos de jazz para acompanhá-lo neste projeto. Pat Metheny, na guitarra, Herbie Hancock, no piano, Jack DeJohnette, na bateria e Charlie Haden, no baixo. A produção foi de Pat Metheny. A idéia era fazer um disco com baladas, conhecidas ou não, aproveitando toda a experiência dos músicos participantes. O resultado foi um repertório eclético como Midnight Mood, de Joe Zawinul, My Ship, de Kurt Weill e Ira Gershwin, e a faixa-título, composta por Hoagy Carmichael. Os grandes destaques são o sax tenor de Brecker e a guitarra de Metheny. O disco ainda traz uma composição de Flávio Venturini, Nascente. Brecker é admirador confesso da música brasileira. Além disso, ele é cunhado da pianista brasileira Eliane Elias, que concorreu este ano na categoria melhor disco de conjunto (Ensemble) com o álbum Impulsive, mas perdeu para o saxofonista Bob Mintzer e sua big band com o disco Homenage To Count Basie. Na categoria melhor disco vocal, pelo segundo ano seguido, Dianne Reeves levou o prêmio pelo álbum The Calling - Celebrating Sarah Vaughan. O disco foi recebido pela crítica com cautela, afinal Dianne interpreta aqui músicas imortalizadas pela voz da diva Sassy, como Sarah Vaughan também era conhecida. O CD foi produzido por George Duke e tem Billy Childs como arranjador e no comando da orquestra de 36 músicos. São apenas 11 músicas, pouco já que falamos sobre Vaughan, mas bem escolhidas. O álbum abre com dois dos maiores clássicos na voz de Sarah Vaughan, Lullaby Of Birdland e Send In The Clowns, do compositor Stephen Sondheim. Em um disco de jazz não poderia faltar composições de Gershwin. As escolhidas foram Embraceable You e Fascinatin? Rhythm, que concorreu como melhor arranjo instrumental com voz, mas não levou. Nesta faixa em especial, Dianne cria um arranjo com ares africanos e latinos que seria impensável em um clássico como este. Sarah Vaughan era outra fã de música brasileira. Um dos seus últimos discos foi Brazilian Romance, acompanhada por Milton Nascimento. Deste disco, Dianne tirou a música Obsession, de Dorival Caymmi. Para terminar, a faixa-título é na verdade uma tradução para o inglês da composição de Milton Nascimento, A Chamada, outra música brasileira que fazia parte do vasto repertório de Sarah Vaughan. O disco não saiu no Brasil, mas é fácil encontrar o importado. Ainda sobre esta categoria, a grande surpresa foi a ausência do multi-platinado The Look Of Love, da canadense Diana Krall, que venceu em 99. O álbum, que recebeu uma indicação na categoria Best Engineered, algo como melhor mixagem ou gravação, e venceu, lançou definitivamente a cantora ao estrelato. Foi o disco de jazz mais vendido no ano passado. Outro disco que esperava reconhecimento da academia era Nocturne, do baixista Charlie Haden, que venceu como melhor álbum de jazz latino. A fórmula foi simples. Haden convidou o pianista cubano Gonzalo Rubalcaba, que também concorreu nesta categoria, para fazer um projeto com músicas cubanas e mexicanas com ênfase nos boleros e músicas românticas. Entre as canções escolhidas estão Tres Palavras e Yo Sin, Ti. O disco conta ainda com o sax tenor de David Sanchez e o guitarrista Pat Metheny, com que Haden recebeu um Grammy em 97 pelo disco Beyond The Missouri Sky. Na categoria melhor disco de jazz a surpresa foi a vitória de This Is What I Do, do saxofonista Sonny Rollins. Este é o primeiro Grammy do músico que já tocou com Miles Davis, Charlie Parker, Max Roach e John Coltrane. O sax tenor de Rollins é referência no jazz, o próprio Michael Brecker é um de seus seguidores. Neste disco, Rollins continua sua empreitada de não gravar músicas famosas. O músico vai do calipso-brasileiro, Salvador, à balada A Nightingale Sang, até o funk Did You See Harold Vick. Destaque também para a regravação de Sweet Leilani, registrada em 37 pelo cantor Bing Crosby. Apesar de tardia, o Grammy resgata o nome de Rollins. E para terminar, a categoria de melhor disco de jazz contemporâneo, vencida pelo baixista Marcus Miller. O disco M2 traz todos os elementos que fizeram de Miller uma unanimidade. Aqui, ele mescla compositores clássicos como Billy Cobham (Red Baron), John Coltrane (Lonnie?s Lament) e Charle Mingus (Goodby Pork Pie Hat) com o rock dos Talking Heads (Burning Down The House). O disco ainda traz as participações especiais do cantor Djavan e da cantora Chaka Khan. Para completar o time funk nada melhor que dois músicos que acompanharam o mestre James Brown, o saxofonista Maceo Parker e o trombonista Fred Wesley. Destaque também para os saxofonista Branford Marsalis, Wayne Shorter e Kenny Garrett. O disco não tem edição nacional, mas a gravadora Telarc tem representante no Brasil, por isso é facilmente encontrado por aqui.

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