Glenn Close e Ted Nash, um novo dueto de jazz

A reverenciada atriz, que chamou atenção por sua dança de 'Da Butt' na cerimônia do Oscar, está lançando um álbum com o compositor e saxofonista de jazz e vencedor de um Grammy, Ted Nash

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Por Mesfin Fekadu
Atualização:

NOVA YORK - Recentemente Glenn Close foi notícia no campo da música por sua dança de Da Butt na cerimônia do Oscar, mas a reverenciada atriz tem notícias musicais de fato: ela lança nesta sexta-feira um álbum com o compositor e saxofonista de jazz, e vencedor de um Grammy, Ted Nash.

Embora Glenn Close, 74 anos, seja mais conhecida por papéis no cinema, com oito indicações ao Oscar, e três Emmys por seus trabalhos na TV, ela sempre teve vínculos com a música. Foto: Chris Pizzello/Invision/AP

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“Eu aprendi com o Go-go e, claro, a cena musical de Washington naqueles anos; consegui fazer aquele trecho de Da Butt porque tinha visto o vídeo de música de Spike Lee. Na época da cerimônia do Oscar, e depois, eu estava interpretando esse personagem maravilhoso para Gore Verbinski, que só deve sair daqui a alguns anos, mas era tudo funk. Agora voltei ao jazz. Sim, é uma mistura! É realmente interessante e divertido”.

A vencedora de um Emmy e um Tony costuma ir às estreias de seus filmes e séries de TV, mas esta é a primeira vez que lança um álbum de música. “Estou muito empolgada de que ele vai sair para o mundo, especialmente agora”.

Close colaborou com Ted Nash em álbuns anteriores, mas os dois trabalham juntos agora em Transformation: Personal Stories of Change, Acceptance and Evolution, um álbum falado de jazz, com 11 faixas, que aborda temas sérios como raça, política, identidade e outros. Nash, membro da Jazz at Lincoln Center Orchestra, compôs a música que acompanha a parte falada, com criações novas e trechos selecionados por Glenn de obras dos poetas Ted Hughes e Conrad Aiken, o biólogo E.O. Wilson e o dramaturgo Tony Kushner.

Glenn Close, que canta três músicas, pediu ajuda a amigos para completar o álbum, incluindo o diretor artístico da Jazz at Lincoln Center Wynton Marsalis, e alguns outros instrumentistas épicos da orquestra. A atriz indicada ao Oscar, Amy Irving, lê One Among Many, composto por Judith Clark a pedido de Close e o ganhador do Emmy,Wayne Brady, aparece em três faixas, chegando até a compor uma música original chamada A Piece by the Angriest Black Man in America (ou, How I Learned to Forgive Myself for Being a Black Man in America).

Nash assumiu várias funções na realização do álbum, de compositor a instrumentista, produtor e maestro. Foto: Matt Licari/Invision/AP

“Todas as vezes que tenho um novo projeto, sinto que é uma oportunidade para crescer como artista e adotar novas ideias. Acho que é algo que, à medida que envelheço, percebo que é mais importante para mim”, disse Ted Nash, acrescentando que sua tarefa foi ajudar os narradores a transmitirem a mensagem com autenticidade e “apoiarem totalmente uma pessoa que está desabafando, de uma maneira que a ajude emocionalmente e dê a ela um espaço seguro para fazê-lo”.

Nash assumiu várias funções na realização do álbum, de compositor a instrumentista, produtor e maestro. Mas também se tornou um tema: seu filho Eli fala da sua experiência ao revelar a ele ser um transgênero em Dear Dad/Letter. E seu pai responde musicalmente em Dear Dad/Response. “Foi comovente e Ted não sabia se conseguiria. Mas quando você coloca sua alma no seu instrumento, na sua música, acho que foi uma experiência reparadora para ele”, disse Glenn. “Uma experiência bastante transformadora”.

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“Quando meu filho começou a ler a peça, não esperava sentir o que senti”, disse Nash. “De repente me dei conta de que todos estavam ouvindo. Ouvindo uma peça muito pessoal, era uma carta para mim, e eu tocando junto. Isso me ajudou a ter uma oportunidade mais profunda de expressão”.

Close, Nash, a orquestra, e os convidados gravaram o álbum no Jazz at Lincoln Center em Nova York no início do ano passado, antes da pandemia do coronavírus. Glenn disse que, antes de realizar o álbum, de algum modo o jazz a intimidava.

“Achava que você tinha de conhecer o que estava escutando. Mas agora estou inspirada pelo jazz porque acho que ele é profundamente americano e também profundamente humano. É uma expressão da condição humana, da dissonância, da harmonia. Todos esses instrumentos diferentes se retroalimentando. Num mundo bom, todos têm a oportunidade de se levantar e tocar sua parte”.

Embora Glenn Close, 74 anos, seja mais conhecida por papéis no cinema, com oito indicações ao Oscar,e três Emmys por seus trabalhos na TV, ela sempre teve vínculos com a música. Um dos seus três prêmios Tony foi pelo musical Sunset Boulevard e ela também foi indicada pelo seu desempenho em Barnum. Glenn chegou até a ser indicada a um Globo de Ouro de melhor música original como coautora da música Lay Your Head Down do filme Albert Nobbs, de 2011, que ela produziu, colaborou com o roteiro e estrelou.

Close colaborou com Ted Nash em álbuns anteriores, mas os dois trabalham juntos agora em Transformation: Personal Stories of Change, Acceptance and Evolution, um álbum falado de jazz, com 11 faixas, que aborda temas sérios como raça, política, identidade e outros. Foto: Madelyn Gardner via AP

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Indagada se algum dia tocou algum instrumento, ela respondeu, rindo: “Eu os peguei, mas não necessariamente toquei”.

“Meu grande sonho é aprender a tocar baixo elétrico. Quero me sentar no fundo, com um belo chapéu. Na verdade, tenho um baixo elétrico Gibson e comecei a ter aulas. Mas depois voltei a trabalhar e tudo ficou de lado e esqueci. Mas se conseguir aprender seis músicas e interpretá-las bem, acho que seria divertido”.

A união com Nash permitiu a ela realizar um outro sonho: lançar um álbum sobre o mundo real. E Nash coloca grandes esperanças nessa colaboração - desencadear uma mudança no mundo.

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“Você consegue tirar o que quiser desse projeto, seja apenas desfrutar de Wayne Brady e a maneira como ele declama ou entender que o que ele está falando é bastante profundo para levar você a agir, ou algo intermediário. Meu objetivo é impelir as pessoas a algum tipo de ação consciente, mas talvez seja uma meta muito idealista”.

Outro objetivo: conquistar um Grammy, especialmente porque isso elevaria Glenn ao status de EGOT (caso de artistas que já ganharam um Oscar, um Grammy, um Tony e um Emmy).

“Prêmios nunca devem ser a razão para você fazer alguma coisa - mas penso em Glenn - e isto é algo pessoal - adoraria vê-la conquistar um Grammy porque só falta esse prêmio para ela alcançar aquele status”, disse ele.

Glenn Close já foi indicada três vezes ao Grammy nos anos 1980, embora admita que “tinha esquecido, na verdade, que já fui indicada para um Grammy”. E certa vez chegou a concorrer com John Lennon, Yoko Ono e Jesse Jackson. Quem ganhou? Jack Nicholson, Ben Kingsley e Robin Williams, que faleceu em 2014.

“Ah” Estou muito orgulhosa de ter perdido para Robin Williams”, disse ela pondo a mão no coração.

“Ficaria encantada se este álbum recebesse um (Grammy), ou mesmo que seja apenas uma indicação, será incrível”, disse ela.

Tradução de Terezinha Martino

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