Gil faz seu álbum mais 'tecnológico' e quebra hiato de 11 anos

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Por FERNANDA EZABELLA
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O músico-ministro Gilberto Gil lançará seu primeiro álbum de canções inéditas em 11 anos no próximo mês, "Banda Larga Cordel", mas as faixas já estarão disponíveis na versão "streaming" na Internet na quinta-feira. O cantor e compositor falou por mais de cinco horas, nesta quarta-feira, com mais de 60 jornalistas brasileiros e estrangeiros, em uma "coletiva virtual" pela Internet. Gil, 65 anos, afirmou que está se sentindo muito mais livre como músico graças à idade e ao sentimento de satisfação com o trabalho no Ministério da Cultura. "Estou entrando nos últimos quarteirões do bairro da minha vida. Então isso dá uma tranquilidade, porque eu tenho que dialogar com a consciência da plenitude", disse Gil. "Eu estou ficando velho ... a idade vai pressionando você a se estabilizar com a essencialidade da vida e também da morte." O músico afirmou que passou os "últimos quatro, cinco anos sem deixar espaço para inspiração, para o desejo poético", devido ao acúmulo de trabalho na pasta da Cultura do governo. "Mas meu tempo como ministro daqui a pouco acaba e estou fazendo minha reentrada", disse. "Estou fazendo esse disco para dizer, 'olha aí, tô de volta, compondo'." "Banda Larga Cordel" surge após "Gil Luminoso", de 2006, com canções regravadas. O último disco de inéditas foi "Quanta", de 1997. O novo trabalho estará disponível nas lojas em 17 de junho, assim como as faixas individuais na Internet. A partir de quinta-feira, o internauta pode acessar às canções para "streaming" --apenas para ouvir e não gravar ou armazenar no computador-- no site Sonora (http://sonora.terra.com.br). "Banda Larga Cordel" traz 14 músicas, incluindo apenas uma regravação, "Formosa", que faz parte dos quatro sambas do novo CD. Originalmente as canções seriam para um disco só de sambas, que Gil chegou a anunciar no passado, mas que não aconteceu. "Passei uns quatro anos cantando esse samba ('Formosa') em casa, no estilo a la João Gilberto, aprimorando, fazendo minha leitura", disse, acrescentando que os outros sambas são "Amor de Carnaval", "Gueixa no Tatame" e "Samba de Los Angeles". TECNOLOGIA PARA COMPOR E GRAVAR Segundo Gil, esse é o disco "que mais tem esse mundo de contribuições tecnológicas", seja no ato de compor ou gravar. "Esses instrumentos novos, o computador, os gadgets digitais, tudo isso teve fortemente presente agora neste disco, como ainda não tinha estado em discos anteriores", disse. Gil contou que a faixa "O Oco do Mundo", por exemplo, teve a letra composta enquanto viajava pela Espanha. Mas, no lugar de musicar com seu violão e gravador quando voltou para casa, ele o fez com seu filho Bem e seus programas digitais. "Ele programou uma fórmula rítmica muito forte com uma máquina de ritmo que ele comprou nos Estados Unidos. Aí eu fui fazendo um pouco a recitação daquele poema aqui e ali, fui colocando notas musicais e acabamos compondo", disse. Há duas canções que surgem como homenagens neste novo trabalho. "A Faca e o Queijo", estilo balada americana e blues, é para sua mulher, Flora. E "Canô" para a mãe de Caetano Veloso e outros centenários como Oscar Niemeyer e Dercy Gonçalves. O disco também é o primeiro de propriedade de Gil. Ele fez um acordo de distribuição com a Warner e juntos vão criar "um recanto de recombinações criativas". "A gente vai disponibilizar vozes das canções, partes instrumentais das canções, eventualmente regravações alternativas, para que as pessoas possam sim usar tudo", disse. Gil sairá em turnê em junho e julho para 25 shows em oito países, passando pela América do Norte e Europa. Apresentações no Brasil apenas a partir de agosto.

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