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Gal volta à estrada no clima de Hoje

A cantora inicia pelo Teatro Coliseu, em Santos, a turnê de Hoje, seu elogiado álbum de 2005

Por Agencia Estado
Atualização:

Gal Costa está de volta à estrada. A cantora começa nesta quinta pelo Teatro Coliseu, em Santos (com lotação de 1.200 lugares esgotada), a turnê de Hoje, seu elogiado álbum de 2005, produzido por César Camargo Mariano. Na sexta ela segue para Jundiaí, onde se apresenta no Teatro Polytheama, e no domingo, no Teatro Pedro II, em Ribeirão Preto. A estréia oficial é no dia 30 no Canecão, Rio. Antes de vir a São Paulo, em maio, Gal vai a Londres para participar da série de shows paralelos à exposição sobre o tropicalismo, no Barbican Centre, que deve reunir também Os Mutantes (sem Rita Lee). Em julho ela volta para a Europa, onde canta em festivais de jazz. Com Hoje, o primeiro CD pela gravadora Trama, Gal voltou a cair nas graças da crítica, que há muito vinha cobrando uma renovação por parte da cantora. Em 14 faixas, ela canta belas composições inéditas e pouco conhecidas de autores novos que nunca tinha interpretado, como Junio Barreto, Péri, Nuno Ramos, Moisés Santana. Juntam-se a eles os familiares Caetano Veloso e Chico Buarque, que também a presentearam com canções exclusivas. Na escolha do repertório ela contou com a ajuda de Carlos Rennó, letrista de três parcerias com o africano Lokua Kanza, presentes no CD. Para Gal não faz muita diferença cantar um estilo ou outro, um compositor habitual ou recém-descoberto. ?Às vezes é mais fácil cantar Tom Jobim do que um autor novo, mas não sinto dificuldade alguma em me adaptar. Sempre fui muito eclética, flexível. Tenho talento para diversificar o repertório e gosto de fazer isso, tenho facilidade para absorver, para sentir?, diz. Cansei das marchinhas de carnaval Nem a transformação natural da voz, hoje mais grave, influi na escolha. ?Acho que cantaria bem qualquer canção que já gravei, mas uma coisa que não quero mais cantar são as marchinhas de carnaval. Fiz isso durante muito tempo, mas cansei.? Do repertório antigo, ela incluiu no roteiro do show duas jóias do histórico show Fa-tal - Gal a Todo Vapor (1972): Antonico (Ismael Silva) e Fruta Gogóia (folclore baiano). Ainda tem Tom Jobim (Sem Você), Cazuza e Frejat (Todo Amor Que Houver Nesta Vida) e o standard americano As Time Goes By, do repertório de Chet Baker, próximo projeto de disco da cantora. São canções que, segundo Gal, têm a ver com o clima? de Hoje, ou seja, seguem os arranjos de César Camargo Mariano, e contam com a supervisão de seu filho, Marcelo Mariano. ?Sabia de antemão que o César não poderia tocar comigo na turnê, então ele sugeriu o Marcelo, que está coordenando isso. A sonoridade em nada fica a dever ao disco.? Gal ensaiou com a banda - Keko Brandão (piano e teclados), Marcos Teixeira (guitarra e violões), Marcelo Mariano (baixo e coordenação musical), Jakaré (percussão), Jurim Moreira (bateria), Ed Flash, Ricardo e Julio (vocais) - todo o repertório do novo CD, mas não vai cantá-lo todo. ?Estamos prontos para qualquer eventualidade, se alguém pedir alguma música no bis?, conta. Ela que já foi dirigida por Gerald Thomas e Bia Lessa - respectivamente em O Sorriso do Gato de Alice (1994) e Todas as Coisas e Eu (2003), shows que despertaram críticas controvertidas -, desta vez escolheu um profissional da música para a função. Trata-se do compositor, produtor e poeta Bernardo Vilhena, parceiro de Ritchie (Menina Veneno), Lobão (Vida Louca Vida), entre outros. Segundo Vilhena, que também assina o cenário (?bem simples?), a idéia é ?deixar que brilhe acima de tudo a voz de Gal?. O figurino ?casual, chique? de Narciso Rodrigues, em três cores, também busca essa simplicidade. Bernardo Vilhena na direção, e figurino de Narciso Rodrigues ?Resolvi chamar uma pessoa que não fosse de teatro, porque meu lance é mais musical mesmo?, diz a cantora. ?O trabalho foi muito bem desenvolvido, escolhemos juntos as canções, o roteiro está muito bem amarrado.? Não quer dizer com isso que Gal tenha ficado insatisfeita com a direção teatral. ?Há momentos em que gosto de trabalhar mais com diretores de teatro. O show que Gerald Thomas dirigiu foi um dos mais bonitos que já fiz. Mas é claro que a atitude teatral vem espontaneamente.? Desta vez não há ousadias como as de Thomas nem os excessos dos cenários de Bia, que provocaram um certo desconforto na platéia de Todas as Coisas e Eu, especialmente num momento em que a cantora se equilibrava numa minúscula plataforma coberta de folhas secas. Gal contesta: ?Não sei como era para vocês, mas não me senti desconfortável em momento algum?. Agora, em que curiosamente ela volta a se apresentar em teatros, é tudo mais simples. ?Luz e som são os fatores mais importantes. No cenário só tem um pano de fundo e a luz é que vai dar a magia?, diz a cantora. ?Gosto muito de cantar em teatro, é mais intimista, a gente fica mais perto das pessoas. Agora, é difícil fazer show em lugares pequenos, porque as produções encareceram muito?, pondera. Ela lembra que na bem-sucedida turnê de Gal Tropical (álbum de 1979), era bem mais fácil. ?Tinha uma banda grande me acompanhando, cenário e tudo, e a gente conseguia pagar tudo sem patrocínio. Hoje, que também não tenho patrocínio de ninguém, não dá mais.? Aos 60 anos, a Gal de Hoje, volta a arriscar, radicalmente fiel à força daquela voz tamanha...

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