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Gal garimpa MPB em novo disco

Em Todas as Coisas e Eu, cantora dá voz a músicas consagradas dos anos 20 aos 70. "Achei interessante gravá-las e colocar a minha marca, dar uma cara nova", diz a intérprete

Por Agencia Estado
Atualização:

Canções compostas entre os anos 20 e 70, consagradas na voz de outros cantores, algumas delas clássicos da MPB, com novos arranjos e o principal: a voz de Gal Costa. Essa é a receita do novo CD da cantora, Todas as Coisas e Eu. Gal escolheu barbadas como Copacabana (João de Barro/Alberto Ribeiro, lançada em 1946), Pra Machucar Meu Coração (Ary Barroso, 1943), Folhas Secas (Nelson Cavaquinho/Guilherme de Brito, 1973), Alguém como Tu (Jair Amorim/José Maria de Abreu, 1952) e Fim de Caso (Dolores Duran, 1959) e misturou a músicas pouco conhecidas, exemplo de E Daí?(Miguel Gustavo, 1959) e Dono dos Teus Olhos (Humberto Teixeira, 1956). Ela não aceita que lhe cobrem gravações de músicas inéditas. "Não sei se um disco só de inéditas seria tão bom quanto esse", diz. "Sempre foi um sonho que eu tive trazer à tona esse repertório do passado. São músicas que poderiam ter sido compostas hoje. Achei interessante gravá-las e colocar a minha marca, dar uma cara nova." Para Gal, seu estilo de cantar, que deve ao ídolo e mestre João Gilberto, dá modernidade às antigas composições, que ela ouvia no rádio e cantava, no chuveiro, na infância e na adolescência. Muitas das 19 selecionadas (O Orvalho Vem Caindo (1934), Fita Amarela (1933), Até Amanhã (1933) e Palpite Infeliz (1936)) foram consagradas por intérpretes de peso, por vezes, mais de um. É o caso de Brigas, famosa nas vozes de Ângela Maria, Altemar Dutra e Cauby Peixoto. Gal acha que será uma novidade para as gerações que não conhecem as músicas e, para que as que já gostam delas, uma oportunidade de ouvi-las com uma roupagem diferente. Alguém como Tu, consagrada na voz de Dick Farney, é tocada de forma mais rápida, menos melancólica. "Na versão de Dick, ela é mais lenta, para baixo, pode ser considerada de fossa. Na minha, não, é para cima, tem uma coisa alto-astral, que tem o disco inteiro." Em Fim de Caso, o efeito desejado era o mesmo: menos lágrimas e mais doçura. O longo agudo ao fim de Ave Maria no Morro é uma homenagem a Dalva de Oliveira. "É uma mistura de Dalva com João Gilberto", brinca Gal. Sofisticados, os arranjos, produzidos por Mariozinho Rocha, são de Eduardo Souto Netto e Julinho Teixeira, que usaram violinos, cellos e grupos regionais. Os músicos, em sua maioria,já tocavam com a cantora. O disco deveria ter sido gravado ao vivo, num show no Canecão dirigido por Bia Lessa, mas acabou sendo feito em estúdio porque, a uma semana da estréia, prevista para outubro, a Indie Records alegou que não tinha verba suficiente para bancar o espetáculo. Isso irritou a cantora, que desde o início preferia o estúdio, assim como Mariozinho Rocha. "Foi desgastante cancelar, mas foi melhor assim. O disco ganhou muito mais", acredita. O show só deverá ocorrer no início do ano que vem e será transformado em DVD.

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