Frejat mostra seu tom mais suave em novo álbum

Em seu terceiro CD solo, 'Intimidade Entre Estranhos', compositor e cantor privilegia o som do violão

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Por Roberta Pennafort
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Aos 25 anos de carreira, tendo lançado 15 discos de puro pop rock com o Barão Vermelho, e no terceiro CD-solo, Roberto Frejat considera que faz MPB. O novo trabalho individual, Intimidade Entre Estranhos, tem parcerias com Zé Ramalho, Zeca Baleiro e o sambista Flávio Oliveira (compositor da escola de samba carioca Salgueiro), entre outras, mas não é de agora que ele é da opinião de que "toda música cantada em português é MPB". "Nos anos 80, o rock brasileiro não estava inserido ainda na música brasileira. Mas esse cenário mudou, e hoje está tudo misturado. Tudo o que veio depois fez com que o pop rock se impusesse como MPB."   Veja também: Ouça trecho de 'Eu Não Quero Brigar Mais Não'  Ouça trecho de 'Tudo de Bom'    Intimidade Entre Estranhos, que será lançado no dia 18 de outubro, na Via Funchal (no Rio, o show foi no fim de semana, com direito a participação de seu filho, Rafael, de 12 anos, na guitarra, e uma versão de Vambora, de Adriana Calcanhotto), chega cinco anos depois de Sobre Nós 2 e o Resto do Mundo (o último sem os outros barões) e traz canções que ele vem compondo desde então.   Mauro Santa Cecília, o parceiro mais constante destes últimos tempos, assina com ele 3 das 11 faixas do CD, O Céu Não Acaba, também com Ezequiel Neves, Dois Lados, com Maurício Barros, feita sob encomenda para a novela Beleza Pura (é o tema da personagem de Carolina Ferraz), e Farol, com versos da gaúcha Martha Medeiros ("De todos os ‘menos é mais’/ Dos clichês e das boas frases/ Em toda a minha história/ Você ainda é a melhor parte").   Ele fez questão de fazer um disco enxuto. "Disco novo, com uma carga de informação nova, tem de ser assim, para as pessoas poderem assimilar. Nesse sentido, o vinil tinha uma sabedoria", brinca. As gravações foram no estúdio de Frejat, o Dubrou, localizado numa agradável casa na Fonte da Saudade, pertinho da Lagoa Rodrigo de Freitas - "Brou" (brother) é como ele chama os amigos e passou a ser chamado, e é também o nome do simpático labrador que é o xodó de todos ali.   Frejat, que toca violão e guitarra nas faixas, acha que o CD se parece, em certa medida, com o primeiro solo. Amor Pra Recomeçar tinha três hits - Segredos e Homem Não Chora, além da faixa-título - e canções compostas com Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Lenine. "O segundo disco tinha um toque mais elétrico. Agora, o violão volta a ser mais presente. É uma marca da sonoridade desse trabalho."   Duas parcerias se repetem nos três discos: a de Frejat e Maurício Barros (da formação original do Barão, com Guto Goffi e Dé Palmeira), ora com Mauro (Dois Lados), ora com Bruno Levinson (a superdançante Tudo de Bom). Barros é o produtor. "A nossa grande afinidade não se reflete em conforto, acomodação. Ele me instiga com críticas e sugestões", conta Frejat.   Com Black Alien (ex-Planet Hemp), a quem ele admira pela "construção bacana das idéias", compôs a romantiquinha Eu Não Quero Brigar Mais Não: "Eu não quero brigar mais não/ Eu quero você toda pra mim/ Vou começar pedindo a tua mão." A música que dá título ao CD ele divide com Leoni: "Intimidade entre estranhos/ Perfume e pasta de dente/ E um outro cheiro qualquer/ Que a gente faz que não sente." Paulo Ricardo é co-autor de Controle Remoto e Alvin L, de Fragmento.   O Barão Vermelho está em recesso desde o ano passado e, como o grupo já anunciou, os fãs não deverão vê-lo com tanta freqüência. "Com 25 anos de carreira, fica aquela dificuldade de se estabelecer caminhos novos. O fato de você sair e experimentar outras coisas te faz voltar oxigenado. Nossos discos de 2004 e 2005, por exemplo, foram bons, consistentes, por conta da parada de 2001 a 2003", acredita.   Na contramão dos megaconcertos para milhares, rotina na história da banda, o que Frejat quer agora são shows menores, possivelmente em teatros. Quer viajar por 10, 15 cidades. "Em shows grandes, o público fica muito disperso."

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