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Free Jazz, uma história de ousadia

O Free Jazz foi o mais ousado e influente festival de música do País, iniciado em 1985 como uma aventura de Monique e sua irmã Sylvia (morta há dois anos, de um câncer no pulmão)

Por Agencia Estado
Atualização:

Iniciado em 1985 como uma aventura de Monique e sua irmã Sylvia (morta há dois anos, de um câncer no pulmão), que queriam criar aqui no Brasil uma versão tropical do Cool Jazz Festival, o Free Jazz foi o mais ousado e influente festival de música do País. Espalhou tendências e antecipou movimentos. Trouxe gente como Steve Wonder, Sonny Rollins, Sarah Vaughan, Gil Evans Orchestra, The Modern Jazz Orchestra, Art Blakey and The Jazz Messengers, John Zorn, Philip Glass, Kraftwerk, Björk. Nas últimas edições, firmou o Jockey Club de São Paulo e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro como "sedes", juntando cerca de 30 mil pessoas em cada edição. O evento foi muito criticado por ser um "falso" festival de jazz, trazendo mais atrações pop do que estrelas do gênero que lhe emprestava o nome. Mas a qualidade do jazz que se ouviu na mostra sempre foi acima de qualquer suspeita. Foi no palco do festival, por exemplo, que o contrabaixista Ray Brown fez um dos seus últimos grandes espetáculos, assim como Art Blakey e Tito Puente. Antenado com as tendências da música eletrônica, o Free Jazz radicalizou essa faceta nos últimos anos, confrontando Kraftwerk com Massive Atack e trazendo rebeldes como Aphex Twin e Roni Size. Além do Free Jazz e do Carlton Arts, na área cultural, a Souza Cruz patrocinava a Fórmula Indy e o Campeonato de Motovelocidade, nos esportes. Investiu, em 2000, 5% de sua receita na realização dessas atividades, algo em torno de R$ 8 milhões. Para 2002, o último ano de propaganda de cigarros, anunciou que pretendia dobrar o investimento. Em entrevista a O Estado de S. Paulo, há um ano, Monique Gardenberg, a produtora do Free Jazz Festival, mostrou-se desanimada em prosseguir com o evento com a ajuda de novo patrocinador. "O Free Jazz, como ele é, só pode existir com a Souza Cruz, pois é uma criação conjunta. Portanto, para se fazer um festival com um novo patrocinador, seria necessário criar um novo evento, significaria iniciar uma nova história. Sabe quando a gente tenta repetir certos momentos de felicidade, mas já não faz um dia tão bonito, o carro quebra, alguém estraga o clima? Se o Free Jazz acabar vou fechar um ciclo e iniciar outro na minha vida."

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