Free Jazz anuncia sua maior edição

Mostrando poder de fogo em resposta à lei que proíbe o patrocínio de empresas de tabaco, festival capricha numa edição com mais atrações e investimentos

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Por Agencia Estado
Atualização:

A organização do Free Jazz Festival anunciou na manhã desta terça-feira a programação da 16ª edição do evento, que será realizada no MAM do Rio de Janeiro, entre 25 e 27 de outubro, e no Jockey Club de São Paulo, entre os dias 26 e 28 do mesmo mês. Sua edição 2001 será a maior em investimento e número de shows. Ao todo, são 37 atrações, mais uma vez bastante diversificadas (confira a programação completa em São Paulo e no Rio), em quatro diferentes palcos - um a mais que nos últimos anos, o Cream, destinado ao público de música eletrônica. O destaque fica para a mudança do palco Club, dedicado ao jazz, que passa a ser uma tenda com o dobro da capacidade de público. Segundo Monique Gardenberg, proprietária da Dueto Produções, empresa organizadora do Free Jazz Festival, esta edição recorde do Free Jazz é também uma reação à lei que impede o patrocínio de realizações culturais e esportivas por empresas de tabaco. "É uma forma de mostrar que sabemos fazer bem feito", afirmou, em entrevista coletiva. Embora não tenha revelado o custo total do evento, Monique informou que os gastos com cachês subiram de US$ 800 mil para US$ 1 milhão. Monique voltou a afirmar que esta é a penúltima edição do evento. A promotora enxerga o festival como o fruto de um casamento feliz com a Souza Cruz. Por isso, mesmo com outras empresas manifestando interesse em assumir o patrocínio, ela ainda não sabe se continuará a dirigi-lo. Para uma possível última edição, em 2002, Monique não descartou a hipótese de fazer um festival especial. Investimentos a parte, a mudança de localização do palco Club é uma conquista e uma aposta da produção, como ressaltou o curador do evento, o musicólogo e jornalista Zuza Homem de Mello. "Era uma antiga exigência dos fãs de jazz, já que os ingressos para os grandes nomes do gênero acabavam em menos de uma semana", disse. Jazz e eletrônica - A programação da nova edição mostra-se reverente à música eletrônica. Além de um palco específico para os fãs das pistas, administrado pela agência de DJs Cream em parceria com o produtor paulista Felipe Venâncio, o Main Stage (palco principal) traz uma noite especial, a segunda em cada cidade, com DJ Dolores, Roni Size Reprazent e Aphex Twin. A terceira e última noite do festival, encerrando a festa club, tem como mestre de cerimônias Fatboy Slim, no palco dos eletrônicos. Mas para Zuza, o impossível é não se comover com o time de feras do puro jazz que vem este ano ao Brasil. "Uma das coisas que vimos nos anos anteriores é que os show dos consagrados, músicos muitas vezes com mais de sessenta anos, foram históricos", disse. Por isso, o palco Club trará este ano Bill Henderson e quarteto, o lendário baterista Chico Hamilton, o pianista nova-iorquino Randy Weston, o sexteto de Benny Golson, o acordeonista Art Van Damme e o ícone do be-bop Phil Woods. Representantes de fina estirpe, todos eles. Pelo time nacional, apresentam-se o consagrado maestro Moacir Santos, que já tocou no Free Jazz nos idos de 80, a banda de regional-jazz Curupira e o violonista revelação Yamandu Costa, de 21 anos. No palco New Directions, direcionado aos novos nomes da música mundial, merece atenção a noite que reúne Cordel do Fogo Encantado, Sidesteper, projeto do produtor inglês Richard Blair, que liquidifica em seu som salsa colombiana e batidas eletrônicas, e Orishas, banda formada por quatro rappers cubanos radicados na França, cujo disco de estréia, A Lo Cubano, faz estrondoso sucesso na ilha latino-americana. A noite rock, que abre a programação do Main Stage, vence pela originalidade. Nela tocam os norte-americanos do Grandaddy, os islandeses Sigur Rós e os escoceses cult do Belle & Sebastian. A última noite do palco principal é centrada na música negra do grupo vocal The Temptations, expoente da gravadora Motown com quarenta anos de estrada, e na nova revelação do R&B, a cantora Macy Gray. Enfim, mesmo com uma programação centrada no jazz tradicional e na música eletrônica, o Free Jazz não perdeu sua principal característica dos últimos anos: a diversidade. Free Jazz Festival - no Rio de Janeiro, dias 25, 26 e 27 de outubro, no Museu de Arte Moderna (ao lado do aeroporto Santos Dummont); em São Paulo, dias 26, 27 e 28 de outubro, no Jockey Club; Ingressos de R$ 30 a R$ 70; vendas pela internet a partir do dia 1º de outubro no enderço www.freejazz.com.br. Informações: 0800 21 22 23.

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