PUBLICIDADE

Foi Ali Farka, o 'burro', que deu o Mali ao mundo

De lá têm saído alguns dos artistas mais impressionantes da cena musical contemporânea, como Ali Farka Touré, Salif Keita, Amadou e Mariam e Habib Koité

Por Jotabê Medeiros
Atualização:

Terra de griôs, indivíduos que se tornam líderes comunitários pelas habilidades musicais, pátria mãe do blues (e, por extensão, de muito do que conhecemos como música afro-americana), o Mali é uma nação no Oeste da África que faz brilhar os olhos de todos os amantes da boa música.

PUBLICIDADE

De lá têm saído alguns dos artistas mais impressionantes da cena musical contemporânea: Ali Farka Touré (o John Lee Hooker do Mali), Salif Keita, Amadou e Mariam, Habib Koité, Bassekou Kouyate, Toumani Diabaté.

De todos, Ali Farka Touré, por seu profundo talento e humanismo, foi uma espécie de abre-alas malinês. Morto em 2006, aos 75 anos, o guitarrista, compositor e cantor tornou-se conhecido no mundo todo em 1995, quando o disco Talking Timbuktu, feito em parceria com o americano Ry Cooder, ganhou o prêmio Grammy. 

Touré esteve em São Paulo em 1998, apresentando-se no Heineken Concerts. Nessa ocasião, causou espanto ao mostrar sua destreza e sofisticação tocando o jurukelen (uma guitarra primitiva de apenas uma corda). Em entrevista ao Estado, naquela visita, disse o seguinte: “É evidente que o blues veio da África, trazido pelos escravos negros, e foi refeito nos campos de trabalho da América. E, para mim, o Brasil faz parte da África”.

Nascido na vila de Kanau, perto de Gourma Rharous (às margens do Rio Niger, no nordeste do país), ele foi o décimo filho de sua mãe, mas o único que sobreviveu. “Meu nome é Ali Ibrahim. Mas é uma tradição na África dar um nome estranho ao único filho, se você perde todos os outros”, explicou. Assim, ele ganhou o nome de um animal, Farka (Burro), que na África é admirado por sua força e tenacidade. Foi mecânico e taxista em Bamako. O bluesman Taj Mahal foi o primeiro a procurá-lo, lançando The Source, que o projetou internacionalmente.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.