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Filarmônica de Berlim apresenta-se no Brasil

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de arrancar entusiasmadoss aplausos do público argentino, a Orquestra Filarmônica de Berlim sob a regência de seu diretor musical Claudio Abbado, faz, amanhã à noite no Teatro Municipal de São Paulo, sua primeira apresentação no Brasil. O concerto é o primeiro de uma série de três que o grupo fará na cidade, seguindo, depois, para o Rio, onde se apresenta na sexta-feira. A vinda da orquestra para a América Latina é fruto da iniciativa do Mozarteum Brasileiro e da Associação Wagneriana, de Buenos Aires, que há mais de 15 anos tentam trazer a orquestra, uma das principais do mundo, para se apresentar no continente: problemas na agenda da orquestra e formas de conciliar as apresentações em São Paulo e no Rio haviam impedido até agora a concretização do projeto. No programa desta segunda-feira está a Sinfonia n.° 9 de Mahler que, segundo Abbado, é uma das mais profundas obras do compositor. Composta em 1909, essa sinfonia foi dedicada ao maestro Bruno Walter, que a estreou com a Filarmônica de Viena em 1912, um ano após a morte do compositor. Seus quatro movimentos, nas palavras de Bruno Walter, estão repletos de um "santificado sentimento de partida", e tratam da relação entre o homem, a vida e a morte, assunto importante em toda a obra de Mahler, que a escreveu em um momento em que sua saúde já estava debilitada por causa de problemas vasculares. No entanto, a obra não demonstra nenhum ódio ou desgosto em relação à morte, tendo como tônica a visão de um homem que começa a entender-se com os próprios sentimentos relacionados à fatalidade. Na terça-feira , o concerto será dedicado a Beethoven e a filarmônica interpretará a Sexta e a Sétima Sinfonias. Composta em 1808, a Pastoral, como é também conhecida a Sexta Sinfonia, é a versão musical dos sentimentos de Beethoven relacionados a paisagens e cenas bucólicas. Já a Sétima Sinfonia, composta em 1812, foi considerada por Richard Wagner como uma "apoteose à dança", uma vez que possui um ritmo bastante leve e, ao mesmo tempo, envolvente. Na quarta-feira, o concerto é composto de obras de três compositores: o checo Antonín Dvorák e os franceses Claude Debussy e Maurice Ravel. De Dvorák, o trabalho escolhido foi a Sinfonia n.º 9 , ao mesmo tempo essencial para se compreender o trabalho do compositor e uma das obras orquestrais mai conhecidas e executadas de todo o repertório. Escrita no início de 1893, a sinfonia Novo Mundo, como é mais conhecida, resgata temas que o autor havia composto meses antes, enquanto trabalhava em uma pesquisa relacionada a canções indianas e africanas no National Conservatory of Music, em Nova York. Também na quarta-feira, dois noturnos de Debussy abrem a segunda parte da récita. Trata-se de Nuvens e Festas, composições que indicam a orientação simbolista do compositor, fortemente influenciado pela literatura francesa do fim do século 19 e início do século 20. Apesar do próprio Debussy não gostar dessa caracterização, também há elementos impressionistas nessas peças. Pouco afeito a escrever sobre as próprias composições, Debussy registrou a seguinte impressão sobre Nuvens: "Esse movimento envolve a melancólica passagem de nuvens desaparecendo ao longe em tons cinzas, tingidos levemente de branco." Por fim, está La Valse, um dos dois concertos para orquestra escrito pelo francês Maurice Ravel. Seu brilhantismo orquestral está na capacidade de coordenar diversos tons de valsa, constituindo uma das obras mais extrovertidas do autor de Bolero. Composta entre os anos de 1919 e 1920, La Valse foi originalmente desenvolvida como um balé encomendado por um dos mais proeminentes empresários da época, Sergei Diaghilev. No entanto, o resultado não agradou ao empresário, que não acreditava ser possível criar uma coreografia para a música. Uma das peças orquestrais curtas mais tocadas do repertório, La Valse aparece freqüentemente em versões para dois pianos ou para piano solista, apesar de o compositor acreditar que, nesses casos, a obra perdia muito de seu colorido. No Teatro Municipal do Rio, a filarmônica vai apresentar apenas esse último programa.

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