Festival Montreux atrasa mas convence

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Por Agencia Estado
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No primeiro show da noite e da edição brasileira do Festival de Jazz de Montreux, o pianista Malcolm Braff entrou no palco do Bourbon Street exatamente uma hora atrasado. A razão do atraso: Braff dizia que o piano da casa estava desafinado e por isso se recusava a se apresentar. Nos bastidores, os produtores do festival repetiam a quem perguntava: "O nosso afinador já esteve aqui, e ele não gostou". Contudo, uma hora depois, instrumento em ordem, espetáculo iniciado, o show correu sem maiores problemas e agradou ao público presente. O sucesso do pianista suíço-brasileiro pode ser considerado inesperado. Principalmente se levado em conta o tempo que levou para subir ao palco e tocar. De longos cabelos e barba, Braff funde em sua música sonoridades africanas - contribuição de seu excelente percussionista Yaya Quattara - e free jazz. As harmonias de suas composições são comportadas, respeitam uma lógica previsível. Os improvisos, porém, são totalmente vanguardistas. Baseou seu repertório em músicas de seu mais recente álbum Malcolm Braff Combo - Together, lançado ano passado pela gravadora Blue Note. Entre os destaques do disco e do show, Rhetorical Dance e Together. Clímax - Enfim, por volta da meia-noite, T.S Monk subiu ao palco. O filho do lendário Thelonious Monk em nenhum momento escondeu sua felicidade de estar no Brasil. "Esperei vinte anos por este momento." Com uma apresentação dançante e envolvente, Monk deliciou os presentes. Simpático, apresentou uma a uma as músicas. Em um dos grandes momentos do espetáculo, pouco antes de tocar Monk´s Dream, das mais famosas composições de seu pai, dirigiu-se ao público da seguinte forma: "Esta é uma música simples. Daquelas que só meu pai sabia fazer". Não podia ser melhor. Outro bom momento, embora já antecipado, foi a participação no show da diva Nnenna Frellon. Convidada por Monk para subir ao palco, Nnenna interpretou Round Midnight, composição de Thelonious Monk eternizada na voz das maiores cantoras norte-americanas, entre elas Sarah Vaughan. Vale destacar, além dos belos repertório e interpretações, a perfeição técnica dos instrumentistas que acompanham T.S Monk. Willie Williams (sax tenor), Gary Wang (contrabaixo), Wiston M. Byrd (trumpete), Robert Porcelli (sax alto) e Ray Gallon (piano) fizeram uma apresentação exuberante, equilibrando garra, emoção e técnica. Mais Jazz - Hoje, a partir das 22h, o Comboio Brasil - banda formada por Ricardo Silveira (guitarra), Márcio Montarroyos (trompete), Zé Nogueira (saxofone), Arthur Maia (baixo), Leandro Braga (piano) e Cláudio Infante (bateria), especialmente para a edição brasileira do Festival de Montreux - dá continuidade às apresentações. Amanhã e depois apresentam-se novamente T.S Monk e Malcolm Braff no Teatro Municipal e Nnenna Freelon e Franco Ambrosetti, no Bourbon Street.

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