Festival de New Orleans fará tributo ao Brasil

Programação foi divulgada ontem e inclui Eric Clapton, Santana, Springsteen, Robert Plant e 400 artistas de ponta

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Por Jotabê Medeiros
Atualização:

Foi anunciada a programação do 45.º Festival de Jazz de New Orleans, um dos maiores e mais tradicionais eventos de música, gastronomia e folclore dos Estados Unidos. Eric Clapton, Bruce Springsteen, Public Enemy, Phish, Robert Plant, Santana, John Fogerty, Arcade Fire, Alabama Shakes e outros estão entre as mais de 400 atrações principais da mostra, que será realizada de 25 de abril a 4 de maio.

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A novidade este ano é o país que será homenageado na edição, o Brasil. Com grupos musicais, artesãos, exposições de fotos, comida, dança, paradas de bonecos e outras manifestações, o País terá um lugar de destaque no Cultural Exchange Pavilion (CEP), estabelecido em 1996 para celebrar a ancestralidade da cultura de New Orleans.

Samba, afoxé, forró, congada e outros ritmos tomarão a área do festival, Fair Grounds, o tradicional hipódromo da cidade, onde se distribuem os mais de 10 palcos. Entre outros, vão se apresentar Os Negões e BaianaSystem da Bahia, Tizumba & Tambor Mineiro de Minas Gerais, Afoxé Omô Nilê Ogunjá de Pernambuco e Forroteria, um grupo de forró baseado nos Estados Unidos. O Casa Samba e outros grupos completarão o elenco, além dos bonecos gigantes de Olinda.

Haverá ainda demonstrações de capoeira com o grupo Ginga Mundo Capoeira da Bahia e seus convidados especiais. Membros do Maracatu de Baque Solto de Pernambuco, farão apresentações, além de mamulengueiros de Olinda e outras manifestações culturais. No já tradicional festival de comida do Sul dos Estados Unidos, haverá o tradicional acarajé para os espectadores.

Além de Clapton, Springsteen e Plant, astros como Foster the People, Vampire Weekend, Christina Aguilera, Chaka Khan e Trombone Shorty estão no line-up. Do jazz propriamente dito, o elenco é estelar: Allen Toussaint, Pharoah Sanders, Terence Blanchard, John Bouté, Preservation Hall, Lonnie Smith, René Marie, Chick Corea & the Vigil, Branford Marsalis Quartet, entre inúmeros outros.

O Jazz and Heritage Festival de New Orleans foi criado em 1970 pelo empresário George Wein (que já organizava desde 1954 o Newport Jazz Festival e também o famoso Newport Folk Festival – aquele mesmo no qual Bob Dylan tocou folk com guitarra elétrica, em 1965, escandalizando os puristas). Foi uma das âncoras de reconstrução da cidade após a devastação do furacão Katrina. Em 2010, recebeu 375 mil pessoas; no ano passado, esse número chegou a 425 mil pessoas – somando-se ao Mardi Gras (o carnaval de New Orleans) e ao French Quarter Festival, possibilita as visitas de mais de 2 milhões de turistas à cidade.

A relação cultural com o Brasil sempre se fez representar bem no festival sulista, mas intensificou-se a partir do ano passado. Estiveram no evento o grupo baiano Malê Debalê e o cantor Magary Lord (cujos shows foram financiados com dinheiro público – uma plaquinha na lateral do palco informava que os patrocinadores eram o State Secretariat for Culture da Bahia e o Brazilian Government).

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O festival continua tendo sua ênfase histórica no jazz, no blues, no country e no zydeco e na cajun music, os gêneros tradicionais do Sul americano. Mas há anos mostra uma acentuada guinada em direção ao pop e o rock. É um festival superfamília, realizado durante a tarde no hipódromo de New Orleans (o último show termina às 19 h), e por ali os pais passeiam com seus bebês, os netos fazem piquenique com seus avós, tudo regado à melhor tradição musical americana (são dezenas de shows simultâneos). Tanto quanto a música, são muito disputados os folclóricos “funeral parades” (funerais ao som de metais de jazz) e as barracas de comidas típicas da região (jambalaya, gumbo, po boys, alligators pies, beignets, entre outras delícias).

Estima-se que, atualmente, o festival, que envolve investimentos de cerca de US$ 10 milhões, tenha um impacto econômico de aproximadamente US$ 300 milhões na Louisiana. E New Orleans está cada vez mais em evidência como destino turístico. Tornou-se, a partir de 2000, algo parecido ao que São Francisco foi nos anos 1960: um Eldorado cultural, uma zona franca de ebulição artística, utopia urbana de paz, amor e música.

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