Fenômeno da sofrência, Jão ganha legião de fãs nas redes e lota shows

Com shows da sua turnê esgotados em várias cidades, músico alcançou 355 milhões de streamings com o sucesso ‘Lobos’ 

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Por Murilo Busolin
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Três shows que se esgotaram em pouco tempo no Espaço das Américas - considerada a maior casa de espetáculos de São Paulo, com capacidade para até 8 mil pessoas. Aposto que você chutaria que essas marcas são de um cantor com anos de carreira, mas João Vitor Romania Balbino, o Jão, tem apenas 27 anos e cinco de estrada. A demanda por apresentações na capital foi tão alta (ele se apresenta nos dias 14 e 27 deste mês, com ingressos esgotados) que duas novas datas foram adicionadas à turnê: 14 e 20 de agosto. Só há ingressos para o dia 20.

“Fiquei muito feliz. Estávamos com medo de abrir a primeira data e os ingressos se esgotaram em um dia e meio. Uma coisa surreal. Fiquei meio extasiado e surpreso com esse sucesso”, disse o cantor ao Estadão. Natural de Américo Brasiliense (SP), Jão cresceu ouvindo Marisa Monte e Cazuza por influência de sua mãe, Catarina. Ele aprendeu a tocar instrumentos como flauta e teclado nas aulas de teatro da escola.

Jão diz que a transparência nas letras das músicas e sua comunicação trazem a conexão com fãs Foto: Hudson Rennan

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Apesar de ter começado a compor e produzir sozinho desde cedo, foi somente na época em que cursava Publicidade e Propaganda na Universidade de São Paulo (USP) que o jovem se arriscou a cantar em bares e karaokês por influência de amigos. “A minha criação foi livre, tranquila e sem cobranças, a não ser pelos estudos, o que eu acho corretíssimo. Meu pai só me disse para entregar um diploma e fazer o que eu quisesse. E eu entreguei o diploma para ele”, conta.

Jão lançou os singles Ressaca e Álcool em outubro de 2017. Eram os primeiros passos dados na construção de um vínculo com uma legião de fãs que não para de crescer. “Minha relação com eles é honesta. Não tenho uma equipe que fica respondendo às minhas redes.” 

Atualmente, seu disco de estreia, Lobos (2018), soma mais de 355 milhões de streamings e serviu de base para a sua primeira turnê, que teve ingressos disputados por todo o Brasil. A “febre Jão” se estendeu com o lançamento-surpresa do seu segundo projeto de estúdio, Anti-herói, no final de 2019. Considerado o suprassumo da sofrência por seus admiradores, o álbum também passou da marca de 100 milhões de reproduções na soma das 11 faixas, e ganhou uma versão ao vivo em 2020.

O mais recente, Pirata, lançado em outubro de 2021, fez quase 5 milhões de streamings, apenas em 24 horas no Spotify e também já ultrapassou os 100 milhões, sendo o mais rápido do seu repertório a atingir a marca. No YouTube, seus videoclipes, sempre bem produzidos, já bateram mais de 400 milhões de visualizações.

O cantor acredita que a transparência nas letras de suas músicas e a comunicação ativa com seus admiradores são o que torna a sua fanbase (conhecida como Lobos) tão forte e engajada. “Meus fãs são bem parecidos comigo. Não temos tempo para coisas fake, sabe? É óbvio que uma carreira na música pop está envolta em fantasia, a forma como um artista apresenta a vida é um espetáculo. A diferença é na minha forma de comunicar e de ser honesto com eles, com o que quero e com o que eu canto. Eles respeitam o meu limite.”

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O artista garante que sempre soube aonde queria chegar. “Nunca fui deslumbrado e sabia dos passos que tinha de dar para chegar aonde estou. Fiquei feliz quando fiz show para 50 pagantes, quando foram 100, 400 e por aí foi. De qualquer forma, sempre soube o que eu queria conquistar, porque é uma dose de sorte e também de bastante trabalho.”

Perfeccionista, Jão pensa nos mínimos detalhes das suas apresentações. “Comecei a fazer shows com a ajuda dos meus amigos da faculdade, que continuam comigo até hoje. Faço a luz junto com eles, componho, opinamos sobre o palco, é um trabalho nosso”, revela. 

A atual música de trabalho de Jão se tornou o seu maior sucesso até agora. Idiota acumula 60 milhões de streamings na soma de números do Spotify e YouTube, mas antes de a música ser impulsionada organicamente por virais do aplicativo TikTok, ela quase não entrou para a mixagem final de Pirata.

“Eu a escrevi no meio de 2020 e sempre acreditei no refrão, mas ela estava estruturada de uma maneira completamente diferente e concordo com a crítica das pessoas que não apostaram nela, porque a demo era bem estranha”, diz.

O cantor decidiu afinar a produção “no estilo de um pop-rock nostálgico dos anos 80”. “Finalmente, todo mundo começou a amá-la. Idiota foi o último arquivo que eu mandei para a mixagem, pois fiquei muito tempo trabalhando nele.”

A atual turnê deve ser estendida, repetindo datas em cidades que tiveram ingressos esgotados. Enquanto isso, Jão já trabalha em seu próximo lançamento: “Na metade do processo criativo de Pirata, já havia começado o meu quarto disco. Não quero demorar para lançar. Não gosto de ficar segurando as coisas por muito tempo, elas começam a perder o sentido”. 

Veremos o Jão mais experimental? “Sou apaixonado por sax, trombone e pelo trompete. Quero botar mais metais nas próximas músicas, quero imprimir mais nos meus discos o sentimento de uma banda tocando junto. Quero que meu novo som tenha um sentimento mais parecido com o que eu faço no palco. Sendo assim, a minha maior inspiração do momento é meu show.” 

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