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Fatboy Slim vem ao Brasil para festa "em família"

DJ e produtor inglês apresenta-se no Free Jazz, que começa na próxima semana, e adianta que, ao contrário dos rumores, não pretende pendurar as chuteiras

Por Agencia Estado
Atualização:

Tocar com Jon Carter, Scanty Sandwich e Stanton Warriors na noite dance hall do Free Jazz Festival, no dia 27 no Rio e no dia 28 em São Paulo, será como "estar em família" para o superastro DJ Fatboy Slim. Jon Carter, do Stereo MCs, "é do meu time", diz o DJ e produtor inglês. Ele conta também que fez recentemente um remix para uma música do Stanton Warriors (que abriga os produtores Mark Yardley e Dominic B). E o DJ Scanty Sandwich (codinome de Richard Marshall) vem de uma noitada com Fatboy em Moscou - foi este último quem produziu seu primeiro disco, Because of You. "Eu ajudei a escolher esse pessoal, são todos bons amigos", conta Fatboy, em entrevista por telefone, de seu estúdio em Londres. Bem-humorado, ele diz que esperava ansiosamente por essa primeira festa no Brasil e que estava feliz por poder fazer sua primeira apresentação aqui entre velhos parceiros. Só para lembrar: a noite Big Beat Boutique, que terá Fatboy Slim no Free Jazz, no palco Cream, já está esgotada no Rio e em São Paulo. O cacife desse sujeito se mede por coisas como essa: ele é que escolhe sua companhia, ninguém lhe imputa nada. Fatboy, codinome do britânico Norman Cook, natural de Brighton, é talvez o DJ de maior prestígio no mundo atualmente. Em julho, uma apresentação do DJ reuniu 30 mil pessoas em sua cidade natal. Também ganhou seis MTV Awards recentemente. "Fiquei deliciado com os prêmios", ele conta, acrescentando que foi ainda mais gratificante e "um pouco assustador" receber as estatuetas de ídolos: o ator Christopher Walken e o cineasta Spike Jonze (ambos participam do clipe de Weapon of Choice, a canção que foi a grande vencedora da noite). "Estou completamente inserido na indústria", diz Fatboy. "E estou feliz com isso, porque passei 16 anos da minha vida procurando por isso", afirma. Ele, que foi baixista da extinta banda Housemartins, não logrou sucesso pelos meios convencionais. Depois dos Housemartins, ele se lançou na carreira de produtor de discos de dance music, apresentando singles sob nomes como Freakpower (cujo hit Tune in, Turn on, Drop out chegou ao topo das paradas inglesas), Pizzaman e Fried Funk Food. Como Fatboy, lançou seu primeiro disco em 1997, Better Living through Chemistry. Ainda assim, ter procurado o sucesso não significa em absoluto que Cook-Fatboy abra mão da liberdade artística. "Mantenho o senso de independência", acrescenta. "Trabalho com um selo independente (Southern Fried Records) e ninguém me diz ´faça isso´ ou ´faça aquilo´; eu posso dizer não", diverte-se. Cook disse que está absolutamente tranqüilo, nem um pouco assustado, com o fato de ter de voar freneticamente para concertos marcados em Buenos Aires, Rio de Janeiro, São Paulo, Cidade do México, Tóquio, Osaka, Hiroshima, Cingapura e Hong Kong, nessa ordem. "Os vôos certamente estão mais seguros agora", diz. "E o fato é que temos de seguir vivendo", pondera. Na sua avaliação, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, está fazendo "o que deve", mas Fatboy acha que se deve avaliar o aspecto humano nessa retaliação contra o terrorismo. "Em ambos os lados, aqui ou entre os islâmicos, as pessoas estão trabalhando duro, tocando suas vidas, e não é justo que acabem se tornando alvos", afirma. "Encaro minha viagem ao Brasil também como um bom período para descansar", diz Fatboy. "É fato que há muitos aviões e hotéis e isso cansa um pouco, mas certamente há espaço na agenda para conhecer lugares novos e dormir, que é uma das coisas que gosto na vida", informa. A música de Fatboy Slim é uma viagem. Quando surgiu, foi enquadrada sob o rótulo de big beat, sustentada pela batida típica do funk da old school, mais alguns riffs de guitarra típicos da surf music dos anos 60. Em 1998, já tinha se tornado uma mania com apenas uma faixa nas paradas, The Rockefeller Skank. Era nessa música que estava o refrão mais batido das pistas de dança, "right about now, the funk soul brother". Ele parte da premissa de que, se na natureza tudo realmente se transforma, é sua obrigação transformar sua parte com balanço, groove e artesanato. Nas suas mãos, um clássico de Jim Morrison, Bird of Prey, renasceu no disco mais recente, Halfway between the Gutter and the Stars (Meio Caminho entre a Sarjeta e as Estrelas). "Esse título é algo que fala muito de minha própria condição, como alguém que subitamente viu-se elevado a uma condição de astro e que, às vezes, sente-se oprimido pelo sucesso, perdido no saguão de um hotel caro", ele conta. "De fato, acho que não pertenço a este mundo." Ainda assim, sabe lidar com habilidade com as vantagens de pertencer a esse universo. Pôs a serviço do seu disco mais recente as habilidades soul e funk da nova diva da música negra, Macy Gray. Trabalha com a nata da música - e recusa muitos convites de estrelas. Após essa turnê, ele entra em estúdio para produzir o novo álbum do Blur, de Damon Albarn (o nome por trás do projeto Gorillaz). Aos 39 anos, casado com a apresentadora de TV Zöe Ball, ele está curtindo o filho recém-nascido e demonstra maturidade e nenhum deslumbramento. Recentemente, rolaram boatos de que Fatboy estivesse planejando pendurar seus toca-discos, aposentando-se precocemente, aos 39 anos. Ele abriu fogo em seu site na Internet para negar esses rumores. "Algumas pessoas parecem muito estúpidas", disse. "Eu não tenho planos de parar, vocês vão ter de me matar primeiro." Só se for de dançar.

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