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Erasmo Carlos lança caixa com 15 CDs

O pacote Mesmo Que Seja Eu abrange o período pós-jovem-guardista do compositor, com 13 álbuns de carreira, um de raridades e outro em espanhol

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Nara Leão e Raul Seixas, entre outros nomes da música brasileira, é a vez do "Tremendão" Erasmo Carlos entrar para o seleto grupo de artistas que têm seus antigos discos reeditados e agrupados numa caixa especial. No caso de Erasmo, sua bela caixa, Mesmo Que Seja Eu, reúne 13 CDs, além de um CD de raridades e outro em espanhol, que compreendem sua carreira nas décadas de 70 e 80 e que estavam fora de catálogo. Os CDs, todos remasterizados, vêm acompanhados de um livro com a história do Tremendão e uma série de fotos. Mesmo Que Seja Eu abrange o período pós-jovem-guardista do compositor. Fase em que Erasmo deixou os carrões e os brotinhos de lado e investiu fundo no universo feminino e nas letras temáticas. "Considero os anos 70 o período em que eu cresci, saí daquela fase da Jovem Guarda e comecei a ver o mundo de outra maneira, a prestar atenção à política do Brasil", avalia ele. "Antes, eu só lia páginas de Esportes, mas passei a ler jornais, livros, viajar, me casei, fui pai; todo esse processo fez mudar meus valores e abriu um leque de temas. Parei de falar da namorada e comecei a falar da mulher. Olha o horizonte que eu descobri quando passei da namorada para a mulher! É um filão inesgotável", diz, bem-humorado. Segundo Erasmo Carlos, a idéia de uma caixa com reedições de seus discos teve inspiração na caixa de Gilberto Gil, lançada há três anos. Na ocasião, o compositor e seu filho, Leonardo Bruno Esteves, e Marcelo Fróes (pesquisador e produtor executivo da coletânea) pensaram em um projeto semelhante ao do músico baiano. Com ajuda de Leonardo (que se tornou uma espécie de braço direito do pai), Erasmo garimpou suas antigas fitas caseiras. Precisou ouvir tudo o que tinha, selecionar o material e enviá-lo para Marcelo Fróes avaliar se poderia ou não ser remasterizado. "A maioria das fitas estava em bom estado. As mais antigas, por algum motivo de fabricação, são melhores para trabalhar", comenta Fróes. Mesmo assim, muitas das gravações de Erasmo ficaram de fora. Outro trabalho árduo, de acordo com o compositor, foi encontrar os autores e parceiros das músicas, e conseguir deles autorização para que elas fossem incluídas nos discos. "Tinha de achar a família do cara que morreu, que pirou, que não mora mais no Brasil. É muito difícil, envolveu o trabalho de uma equipe", diz. "Todo show que faço, sempre que estou no camarim, os fãs pedem ´Onde está aquele seu disco?´, e eu respondo ´Pô, bicho, já saiu de catálogo´. Aí, eles falam para eu pedir para a gravadora relançar, mas digo que não é fácil assim, é um longo caminho." O resgate de parte da obra de Erasmo, sem dúvida, fará a alegria daqueles que há tempos buscam, sem sucesso, os antigos discos dele. Mas o projeto é também uma evidência contundente, para quem conhece muito pouco sobre Erasmo, que sua carreira sempre andou com as próprias pernas, desvencilhada do "Rei" Roberto Carlos (com quem faz parcerias há quatro décadas). Os títulos relançados incluem Pelas Esquinas de Ipanema (de 1978), Buraco Negro (de 1984, que traz no repertório a música Close), Amar pra Viver ou Morrer de Amor (de 1982, cuja capa causou estranhamento na época, ao mostrar uma pomba saindo do peito rasgado de Erasmo). O álbum Mulher (Sexo Frágil), de 1981, considerado por Erasmo seu preferido e de maior sucesso, também faz parte dessa coletânea. "É o disco mais bonito que fiz na minha vida, o mais autoral, o máximo da minha felicidade como ser humano", pondera. Ele lembra que seu disco anterior, Erasmo Carlos Convida..., que teve boa aceitação do público, abriu precedentes para que a crítica colocasse em questão se Mulher conseguiria o mesmo êxito. "Diziam que eu estava vendendo Erasmo Carlos Convida... porque estava cercado de gente boa, e aguardavam o próximo. Graças a Deus, meu disco de maior sucesso foi Mulher, até eu precisava me provar isso." Seus velhos hits, como Festa de Arromba, O Caderninho e Vem Quente Que Eu Estou Fervendo, estão reunidos no CD Raridades. Inicialmente, serão vendidas 250 mil caixas, ao preço sugerido de R$ 195,00, mas a gravadora Universal promete distribuir mais unidades de acordo com a demanda. A gravadora planeja ainda distribuir os 15 CDs separadamente, mas isso não deve ocorrer agora. Este ano, Erasmo Carlos compôs com Max de Castro, Ritchie, Frejat e fez música para seu filho Alexandre. Voltou a fazer parceria com Roberto Carlos em duas músicas, para o disco de fim de ano do Rei. No primeiro semestre do ano que vem, Erasmo pretende entrar em estúdio para gravar um CD de inéditas. Enquanto isso, o compositor está às voltas com um processo judicial. Ele e Roberto Carlos foram acusados, pelo músico Sebastião Braga, de plagiar sua canção Loucuras de Amor na música O Careta, de 1987. Na semana passada, os advogados de Roberto Carlos reapresentaram à Justiça uma carta de fiança no valor de R$ 3,8 milhões, em que o cantor se compromete a pagar indenização a Braga. "Tenho acompanhado a história pelos jornais, não ouvi até hoje a música da pessoa. Tem muito oportunismo no caso", afirma Erasmo Carlos. "O que for resolvido eu acato, mas não dou corda para nada não." A repórter viajou a convite da gravadora Universal Music

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