A música ofereceu a desculpa perfeita para que o cantor colombiano Juanes chamasse a atenção de todos para os problemas que afligem a sociedade atual. O artista, que desde o início de sua carreira esforçou-se para denunciar os problemas da América Latina e do restante do mundo, confessou em uma entrevista concedida à Reuters desde Moscou, por telefone, que não se sente um líder das massas e que esse compromisso deve ser assumido por qualquer cidadão preocupado com o futuro. Juanes, no entanto, admitiu que sua popularidade funcionou como um elemento-chave para fazer-se escutar. "As duas coisas caminham lado a lado. A música, para mim, é de fato como o eixo de tudo. Foi a música que me levou ao trabalho social e, hoje em dia, sinto que ambas as coisas são muito importantes", afirmou o cantor, cujos sucessos incluem as músicas "Me enamora" e "A Dios le pido". Juanes concorre a sete prêmios na edição latino-americana do MTV Awards, cerimônia que ocorre no México, em outubro. "Sou muito grato à MTV porque eles me apoiaram enormemente desde o começo da minha carreira solo. Isso me surpreendeu de uma forma muito positiva", disse. Durante uma pausa feita em meio a uma grande turnê que inclui os EUA, a Europa e a América Latina, Juan Esteban Aristizábal reconheceu, porém, que o aspecto social é uma tendência em voga no mundo musical. "Nos últimos tempos, a maioria dos artistas nos envolvemos com a música. E, também com essa desculpa, se pode chegar a mais pessoas com coisas que são importantes", acrescentou. Neste ano, Juanes organizou um concerto pela paz na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela, em meio a um conflito diplomático envolvendo esses dois países vizinhos. Mais tarde, encabeçou outro evento musical, este em Paris, a favor da paz na Colômbia, uma nação que convive há décadas com um conflito armado. Desse show participou a ex-candidata franco-colombiana Ingrid Betancourt, libertada havia pouco tempo depois de passar seis anos nas mãos da guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). "É muito importante ter uma opinião e tratar de colocar todos em sintonia com isso, como em um coro. Não podemos ficar indiferentes diante dos problemas e precisamos, de alguma forma, exigir o que nos é de direito", afirmou. Retratando sua inquietude diante da realidade atual do mundo, o cantor compôs, durante uma turnê pela Europa, a música "El odio por amor", que constará de um relançamento de "La vida... es un ratico", a sair em novembro. "Não queria esperar dois anos para lançar um novo álbum. Este era o momento e a canção fala sobre a forma de atuar, sobre como vivemos, sobre como estamos nos matando e sobre talvez haver chegado o momento de mudarmos de atitude", disse. O relançamento de seu trabalho mais recente incluirá outras canções inéditas, além de músicas gravadas durante a turnê mundial. (Por Fabián Andrés Cambero)