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'Então é Natal...'

A arte segue firme e passará por períodos de instabilidade e turbulência. Nada de novo, não é mesmo?

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Por ROBERTA MARTINELLI
Atualização:

Uma coluna de Natal. Caiu bem no dia certo. Penso nessa época como um momento para repensar o que vivemos em 2018 e nos preparamos para 2019. A arte segue firme e passará por períodos de instabilidade e turbulência. Nada de novo, não é mesmo? Então vamos preparados, ou vamos tentar, pelo menos. Quais as músicas que marcaram o seu ano? Músicas te salvaram? Te deram uma esperança? Para mim sim. A música foi minha arma (o único tipo de arma em que acredito) para passar por esse ano e com ela continuarei em 2019. Segura a minha mão.

Álbum “Amar É Para os Fortes”, de Marcelo D2 Foto: Divulgação/Marcelo D2

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Das músicas que marcaram 2018 quero destacar algumas que nos deram força extra. Discos fundamentais para a música brasileira foram lançados. Destaco: Anelis Assumpção com o Taurina; Ava Rocha com Trança; Luiza Lian com Azul Moderno; Maria Beraldo com Cavala; Duda Beat com Sinto Muito; Karol Conká com Ambulante; Elza Soares com Deus é Mulher; Pabllo Vittar com Não Para Não; Jah-Van versões reggae para Djavan. Em 2018, teve a volta da banda Cordel do Fogo Encantado com uma surpresa muito bem-vinda, a cantora Isadora Melo no palco; Marcelo D2 lançou um filme, o disco Amar é Para os Fortes e ainda arrasou no twitter; Gilberto Gil lançou o disco Ok Ok Ok; Letrux fez muitos shows pelo país consolidando o sucesso atingido com o disco Letrux em Noite de Climão (sucesso é relativo eu sei, mas aqui não vi relatividade). Luedji Luna, cantora e compositora baiana, também esteve presente em prêmios, listas e corações com o disco Um Corpo no Mundo. Liniker e os Caramelows viajaram o mundo com turnês internacionais de impressionar. Edgar lançou o disco Ultrassom; Baco Exu do Blues lançou agora no finalzinho Bluesman; Carne Doce, o Tônus; Rodrigo Campos retomou um disco que seria o seu primeiro e lançou o belíssimo 9 Sambas; Mahmundi lançou um disco Para Dias Ruins; Silva lançou um disco de nome corajoso Brasileiro. E tantas coisas mais. E no meio de tudo isso que aconteceu teve muita briga política, teve artista perdendo seguidores por se posicionar, teve artista perdendo seguidores por não se posicionar. Teve a arte sendo marginalizada e colocada num lugar muito errado (aquela besteira que dizem sem saber da Lei Rouanet) – mas teve Fernanda Montenegro explicando em um programa popular o que era isso. Enfim, tanta coisa. O Brasil não foi brincadeira. E para 2019 temos que estar fortes e a arte terá um papel de luta fundamental na resistência. Pode terminar essa coluna citando uma música do Marcelo D2 do novo trabalho? “Eu luto e não me rendo, caio e não me vendo, não recuo nem em pensamento. Sigo um movimento que pra mim é natural de resistência cultural”. Feliz 2019 para nós. Resistiremos.

Música da semana

Chico Buarque, poeta e músico Foto: Fábio Motta/Estadão

Chico Buarque -Vai Passar

Uma música antiga para relembrar velhos e atuais desejos. Eu sei que vai... “Num tempo, página infeliz da nossa história, passagem desbotada na memória das nossas novas gerações. Dormia, a nossa pátria mãe tão distraída sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações.” Um dia, vai passar.

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E-MAIL: ROBERTA.MARTINELLI@ESTADAO.COM

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