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Encerrado Free Jazz carioca

O Free Village, a tradicional área de livre acesso, com pista de dança e telão, esteve lotada e mesmo depois do final das apresentações ainda chegava mais gente

Por Agencia Estado
Atualização:

O último dia do Palco New Directions do Free Jazz no Rio teve cara de fim de festa. Depois de dançar ao som do pandeiro eletrônico de Marcos Suzano, o público sentou-se para ouvir as tablas do hindo-britânco Talvin Singh e acabou indo embora no meio do show previsto como a revelação do festival, o do sueco Jay Jay Johanson. Como nos outros anos, o Free Village, a tradicional área de livre acesso, com pista de dança e telão, esteve lotada e mesmo depois do final das apresentações ainda chegava mais gente. Marcos Suzano, Talvin Sigh e Jay Jay Johanson apresentam-se em São Paulo neste domingo, dia 22. Marcos Suzano, um dos percurssionistas brasileiros mais badalado da atualidade, mostrou sua tecno-percussão mesclando o tradicional às tendências musicais mais modernas. Seu pandeiro balançou o público do New Directions, formado por uma grande maioria jovem. Do disco novo,Flash, lançado pela Trama, ele apresentou Terra de Ninguém, The Message e Flash. O músico, famoso pelas parcerias com artistas do calibre de Carlinhos Brown, Lenine e Fernanda Abreu, relembrou Airá, composição de Carlos Negreiro, do primeiro disco, Sambatown, de 1996. O ritmo foi tão intenso que o teclado de Fernando Moura desabou, literalmente. Do ?mestre? Paulo Moura, ele trouxe Assalto, também do CD anterior. A platéia aplaudiu de pé e Suzano saiu sob os gritos de ?muito bom? depois de mostrar o mais autêntico batuque nordestino em Desentope Batucada. Após a vibração, a calmaria. Talvin Singh , empunhou suas tablas, instrumentos de percussão indianos, e tomou a atenção da platéia que ouviu calada a sua música étnica. Não se reconhecia quase nada do som drum?n?bass e eletrônico do CD O.K.. Com a presença dos músicos convidados Rony Nasri Barrak e Suda Kheterpal, o show foi um diálogo entre escolas diferentes da mais pura e tradicional percussão. Em raríssimas vezes, ele apelava para algum tipo de distorção. Imagens da natureza e grafismos indianos, fundidos com cenas da apresentação, eram projetados em uma tela na parte de trás do palco. As imagens e um forte cheiro de incenso que pairava no ar, ajudaram a criar um clima de meditação que envolveu o público, absorto na magia e precisão do batuque de Singh. Enquanto artistas, celebridades e anônimos se espremiam na pista de dança do espaço Free Village, para aproveitar o último dia de Festival no Rio, o cantor e compositor Jay Jay Johanson, apresentava-se para menos de 200 pessoas, no encerramento da noite do palco New Directions. Unir o som melancólico do cantor sueco, ao cansaço do público, depois de dois shows, resultou num fiasco. Lançando seu terceiro CD, Poison, Jay Jay , tido como a possível revelação deste Free Jazz, mostrou um belo repertório em estilo trip hop inglês e com fortes influências jazzísticas. Como previsto, ele não tocou nenhum instrumento, ainda que tenha intimidade com o piano, flauta, clarinete e saxofone. Só mostrou a voz pequena, mas encorpada, que aliada ao teclado sombrio de Erik Jasson, encantou os que resolveram conhecer o chamado coll jazz, do tímido Johanson. Sem bases pré-gravadas, o DJ Cristopher Padrik, faz ao vivo durante o show os efeitos de ?scratches?, presentes nas canções mais ousadas, como Keep It As Secret. Mas as inovações, os sons distorcidos de guitarra, os recursos tecnológicos, nada disso muda a aura triste do som de Jay Jay Johanson. Sua música moderna se enche de referências do jazz clássico e das levadas românticas da década de 50 e 60 e se torna bem familiar.

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