Em São Paulo, Tom Zé canta clássicos e marchinhas

Músico apresenta novas canções para o Carnaval e relembra sucessos

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Por Matheus Mans
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Tom Zé é inteiramente carnaval: depois de lançar o disco Canções Eróticas de Ninar e apresentar quatro novas e polêmicas marchinhas, o cantor e compositor baiano faz dois shows no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, na sexta, 24, e no sábado, 25, para celebrar e relembrar os vários clássicos da Tropicália, além de mostrar os seus mais recentes trabalhos. O show será, segundo ele próprio, “uma grande miscigenação temática brasileira”, que vai contentar os saudosistas e os amantes da data, do ritmo brasileiro e do cantor e compositor baiano.

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“Quando eu me encontro com o público é sempre uma festa. Por isso, eu vou juntar o carnaval, a Tropicália e o meu novo disco Canções Eróticas de Ninar em um único show”, conta o animado Tom Zé, em entrevista ao Estado. “São todos temas afins, que o foco se volta para essa imensa celebração do carnaval, que é irmão da Tropicália e do vitalismo do meu novo disco. Afinal, tudo é uma bonita mistura que o tropicalismo nos propiciou desde seu primeiro suspiro.” Além do disco novo, Tom Zé também vai passear por algumas outras obras recentes de sua carreira. Os ótimos álbuns Tropicália Lixo Lógico e Vira Lata na Via Láctea, que introduziram músicas como Tropicalea Jacta Est e Geração Y, respectivamente, deverão ter presença garantida na apresentação do músico. Clássicos da Tropicália, porém, terão um espaço ainda maior no show, chamado carinhosamente de Tropicalize-se.

“Atendo com gosto quem me pede sempre pra cantar Made in Brazil, ou aquelas canções que celebram São Paulo, ou ainda Xique-Xique, forró que faz carnaval o ano inteiro”, fala Tom Zé sobre as composições que deverá apresentar durante o show. “Gosto dessas canções. Uma carreira artística se fortalece com o havido e com o que haverá”, reforça. Dentro do universo da Tropicália, Tom Zé vai se voltar para algumas das músicas clássicas de sua carreira e para os discos mais marcantes do movimento, como o clássico Todos os Olhos, que contam com músicas como Augusta, Angélica e Consolação e a ótima Complexo de Épico.

Questionado se não tem medo de ficar preso a músicas de outra época, Tom Zé não se intimida e afirma que é um “homem do passado”. “Medo do passado, pra mim, seria como recusar o ciclo do tempo que nos faz nascer e nos dá continuidade. Tem uma meninada que me chama de vanguardista, que se volta para um aspecto específico da carreira”, diz o baiano. “Mas vanguardismo obrigatório tem certa alusão a fileiras marchando. Isso não é ordem, é uma recusa à variedade.”

Engajamento. O carnaval, porém, não está presente na vida de Tom Zé apenas nos shows do Sesc Vila Mariana. Nas últimas semanas, o cantor baiano criou polêmica nas redes sociais ao lançar quatro marchinhas carnavalescas, com fortes críticas à situação política no Brasil. Com os nomes de Queremos as Delações, Sabatina em Latim para a Indicação de Um Juiz do Supremo, Samba da Comissão de Linguiça e Homologô, as composições são exemplos da indignação de Tom Zé com os últimos acontecimentos políticos no País.

Tom Zé diz não ter medo do passado Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Em Homologô, por exemplo, Tom Zé chama a atenção para a Lava Jato, ao dizer que estão tentando transformar a operação da Polícia Federal em “Lava Rato”. Enquanto isso, na Sabatina em Latim para a Indicação de Um Juiz do Supremo, o cantor faz trocadilhos com o nome do presidente Michel Temer com citações em latim. “Temer, temer, vosmicê é quem diz, temer”, diz um dos trechos da música. “Patientia nostra qui tollis peccata mundi” (em português, “Paciência, que tira os pecados do mundo”).

Todas as marchinhas, que estão disponíveis em suas redes sociais e na plataforma de compartilhamento gratuito de músicas SoundCloud, também serão executadas durante o show no Sesc Vila Mariana. “Marchinhas são um eterno retorno, elas se apropriam dos causos do momento, se aquietam, voltam”, afirma Tom Zé sobre a necessidade de fazer novas marchinhas em um momento político turbulento. Política, aliás, já virou obsessão para Tom Zé: “Assunto que me suscita criatividade costuma se converter em obsessão”, explica. “Afinal, não sei ficar só contemplando o mundo sem responder a ele. Todas as minhas canções são dialógicas. São um resultado desse diálogo que tenho com o entorno.”TROPICALIZE-SE Sesc Vila Mariana. R. Pelotas, 141; 5080-3000. 6ª e sáb., 21h. Ingressos: R$ 12 e R$ 40, disponíveis no site e na bilheteria

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