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Em livros, recordações de sambistas históricos

Nelson Sargento e Xangô, dois dos principais nomes da Mangueira lançam com direito a longa festa seus livros autobiográficos Ouça: Cântico à Natureza, de Nelson Sargento

Por Agencia Estado
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Dois baluartes da Mangueira lançam livros e recebem amigos em rodas de samba que prometem entrar noite adentro, hoje e amanhã. Hoje é a vez de Nelson Sargento comemorar seus 81 anos e lançar Pensamentos, com canja do grupo Galo Preto, de Áurea Martins e Agenor de Oliveira, no Sesc Flamengo. Amanhã, no Centro Cultural Carioca, Xangô da Mangueira apresenta Recordações de Um Velho Batuqueiro, preciosa biografia que vem acompanhada de CD com suas músicas mais conhecidas em rodas de samba e algumas inéditas. A música será do Cordão do Boi Tatá, parceiro do veterano sambista na empreitada. Xangô e Nelson são fundamentais na Mangueira e, por extensão, no samba. O primeiro, nascido Olivério Ferreira, em 1923, no Estácio, está no meio desde menino, como notável versejador (aquele que improvisa as estrofes no partido alto) e como diretor de harmonia (que arma o desfile), primeiro assistente de Cartola e depois sozinho. Apesar disso, só tinha um disco, de 1978, e o sonho de contar sua história. Sonho realizado pelo Cordão do Boi Tatá, grupo musical surgido há dez anos na Lapa, dedicado à música e às festas populares. "A gente acompanha Xangô em shows e da convivência veio a idéia do livro, também um registro da história das escolas de samba, pois ele viveu passagens importantes", conta Marcos Cotrim, que coordenou o trabalho com Márcia Cotrim, também do Cordão do Boi Tatá. Eles ouviram outros mangueirenses históricos e recorreram ao arquivo pessoal de Xangô, organizado por Sônia, sua mulher. Recordações de Um Velho Batuqueiro, o livro, fala ainda dos altos e baixos pelos quais o gênero passou (lembrando por exemplo, que o artista plástico Hélio Oiticica e a passista Gigi da Mangueira foram pioneiros da classe média a se integrarem à Mangueira), das rodas de samba dos anos 1960 e 70. Apesar de preciosos, os 1.500 exemplares de Xangô da Mangueira, Recordações de Um Velho Batuqueiro, não estarão nas livrarias, ao menos por enquanto, mas serão distribuídos em bibliotecas públicas e outras instituições culturais. O trabalho foi patrocinado pela Petrobras (R$ 120 mil pela Lei Rouanet). Nelson Sargento já contou as suas em livros (dois além do que lança agora) e discos, e está cheio de planos. "A gente sempre tem vontade de fazer coisas novas porque nunca se sente realizado. Gosto de me expressar pintando, escrevendo ou fazendo música, mas o importante é me aprimorar cada vez mais", ensina ele. Pensamentos, o livro que lança hoje, é uma reunião de frases que ele vem escrevendo há alguns anos, que foram compiladas pelo também compositor Agenor de Oliveira e pela mulher de Nelson, Evonete Belisário, também sua empresária. "Eles gostaram dessas idéias e reuniram num volume só." O primeiro livro de Sargento, Prisioneiro do Mundo, de poesias, saiu quando ele fez 60 anos. O segundo, Um Certo Geraldo Pereira, biografia do compositor de Falsa Baiana e Escurinho, veio dez anos depois. Há um quarto livro à espreita, com o título provisório de O Samba e Eu, em que ele vai contar as grandes histórias da Mangueira. Apesar de ser considerado uma enciclopédia do samba, a quem todos recorrem para lembrar datas e fatos, Nelson pediu a ajuda de um amigo e especialista, Sérgio Cabral, para dar a forma final ao livro. Sargento comemora os 81 anos com tranqüilidade e aguarda o lançamento da caixa com seus discos, que a Rob Digital pretende aprontar a tempo das comemorações do aniversário. São quatro CDs, Flores em Vida, Encanto da Paisagem, Só Cartola (com Elton Medeiros) e Sonho de Um Sambista (lançando inicialmente no Japão). Para o Rio, não ficou pronta, mas ele fará festa também em São Paulo, no dia 5, no Traço de União, e no dia seguinte em Campinas, no Tonico´s Bar.

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