Em livro e recital, o melhor da ópera italiana

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Por Agencia Estado
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Um recital na noite desta quarta-feira no Teatro São Pedro, em São Paulo, marca o lançamento do livro A Ópera Romântica Italiana, quinto volume da coleção História da Ópera, do jornalista Lauro Machado Coelho. Acompanhados ao piano por Vânia Pajares, cantores brasileiros apresentarão trechos de óperas de Bellini, Donizetti e Verdi, que serão comentados pelo pesquisador Sérgio Casoy. Serão interpretados trechos de Il Pirata, Norma, Il Capuleti e i Montecchi (Bellini), Anna Bolenna, Lucrezia Borgia, Lucia di Lammermoor, La Favorita (Donizetti), I Lombardi, Macbeth, Luisa Miller, Rigoletto, Il Trovatore, Simon Boccanegra, Don Carlo e Nabucco (Verdi). No entanto, o livro não se limita a esses três autores que se tornaram ao longo dos anos os principais símbolos do período, que vai de 1820 a 1870. Já na introdução do livro, Machado Coelho chama a atenção de que conhecemos apenas a "ponta desse iceberg" que é a ópera romântica italiana. "Uma coisa que sempre me incomodou foi encontrar livros e mais livros sobre esses compositores e apenas a listagem de obras de outros autores", diz. Assim, o leitor pode se preparar para, ao lado de detalhadas descrições da música de Bellini, Donizetti e Verdi, encontrar referências a nomes como Pacini e Mercadante ou Petrella, Coccia, Coppola, Carafa, Fioravanti, e assim por diante. Nesse caminho, não apenas novas obras como também todo um contexto - mais amplo - usualmente deixados de lado são colocados ao leitor. O capítulo sobre a obra de Verdi é, na verdade, uma amostra do que será o volume dedicado especialmente a ele, previsto no plano original da coleção. De qualquer forma, o capítulo chega em boa hora, à medida que os lançamentos de discos do ano passado - em que se lembravam os cem anos da morte do compositor - vão chegando, aos poucos, às lojas brasileiras. Apesar de reduzido, o capítulo mostra o modo como, a partir das formas tradicionais, Verdi foi propondo ao longo dos anos uma grande revolução no conceito de drama lírico italiano. Mas o trabalho de Machado Coelho vai além das análises musicais técnicas. O panorama traçado por ele eleva a condições de extrema importância o contexto político, social e econômico dentro do qual surgem as obras. Contexto este que tem conseqüências na linguagem musical e nos libretos de óperas. O trecho dedicado à "matilha dos censores", assim como capítulos específicos mostram os malabarismos que fizeram compositores como o próprio Verdi alterar nomes de personagens e referências históricas para escapar ao olho das autoridades políticas. Editada pela Perspectiva, a coleção previa um total de 15 volumes, desdobramentos da idéia - recusada pelo autor - de um volume único que forneceria um panorama geral e conseqüentemente superficial da história da ópera. No entanto, esse número já passou por uma série de mudanças. "O que seria dedicado às escolas nacionais, por exemplo, acabou se desdobrando em pelo menos três outros livros", conta o autor. O mesmo ocorreu com o que trata da ópera na União Soviética que, por causa de sua grande importância, foi desvinculado de um volume mais amplo, sobre a ópera no século 20. Recital de lançamento do livro "Ópera Romântica Italiana". De Lauro Machado Coelho. Apresentação de Sérgio Casoy. Quarta, às 20 horas. Grátis. Teatro São Pedro. Rua Barra Funda, 171, tel. (11) 3667-0499.

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