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Em cena, o samba tardio de Wilson das Neves

O baterista, que acompanhou Elza Soares e Elis Regina, demorou muitos anos para mostrar seu talento como compositor. Nesta quinta, ele abre a série Samba Supremo - O Compositor por Ele Mesmo

Por Agencia Estado
Atualização:

O Supremo Musical abre espaço para o samba em sua programação. Começa hoje o projeto Samba Supremo - O Compositor por Ele Mesmo, que apresentará a música e a personalidade de quatro grandes nomes do nosso samba: Wilson das Neves, Luiz Carlos da Vila, Délcio Carvalho e Moacyr Luz. Os shows, entremeados por conversas sobre suas carreiras, ocuparão as quintas de maio, sempre às 22 h. A atração de hoje, o carioca Wilson das Neves, tem uma trajetória curiosa. Wilson brilhava na MPB desde o final dos anos 50, apresentando-se como baterista ao lado de inúmeros artistas de renome, como Elza Soares, Elis Regina, Beth Carvalho e Chico Buarque, e integrando a excelente bateria do Império Serrano - atualmente participa também da Ala dos Compositores e da Velha-Guarda da escola. Em 1996, já considerado um dos maiores bateristas do Brasil, Wilson revelou outra face de suas atividades musicais: a de compositor. Acontece que, em quase 40 anos de "estrada", o músico nunca tinha mostrado as ricas melodias que criava, até que, um dia, resolveu tocar um de seus sambas para o seu grande amigo Rafael Rabello (famoso violonista, morto em 1995). Rabello, que tinha uma percepção aguçada, entusiasmou-se com a composição e levou-a para o letrista Paulo César Pinheiro, que, imediatamente, convidou Wilson para uma parceria. Entusiasmado com o convite, recebido como um grande elogio por vir de quem vinha, o baterista animou-se a tirar do baú uma série de outras composições, que encantaram ainda mais ao novo parceiro e, hoje, a dupla já tem mais de 30 músicas compostas. O disco O Som Sagrado De Wilson Das Neves (CID, 1996), o primeiro trabalho editado de Wilson, é a base da apresentação desta noite. Além das belíssimas parcerias com Paulo César, a exemplo de O Som Sagrado, Fundamento, Partido do Tempo, Um Samba pro Ciro Monteiro e Mestre Marçal, o artista mostrará uma composição com Chico Buarque (Grande Hotel, incluída no disco) e outras individuais mais recentes. Respeitadíssimo no meio musical por sua precisão, suavidade e balanço como baterista, Wilson das Neves passou a ser celebrado também como intérprete e compositor. No show, ele mostrará o suingue arrastado de seu canto em diversos tipos de samba, do partido-alto ao samba-canção, e até num coco, o interessante Bisavó Madalena. Outro destaque do repertório é O Samba É Meu Dom, em que a boa melodia de Wilson foi completada por versos mais que apropriados, cantados em primeira pessoa: "O samba é meu dom/É no samba que eu vivo, do samba eu ganho meu pão/ e é num samba que eu quero morrer de baquetas na mão/ Pois quem é de samba o meu nome não esquece mais, não". Wilson das Neves no Supremo Musical, Rua Oscar Freire, 1000. Tel.: 3062-0950. Hoje, às 22h. Ingressos a R$ 15.

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