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Em cena, a permuta musical de Antunes e Brown

Em SP, os assíduos parceiros fazem show de lançamento de seus novos álbuns. Não tocarão juntos, mas um pouco de cada um poderá ser visto no trabalho do outro

Por Agencia Estado
Atualização:

No território de Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown não existe lei para fazer música. Parceiros musicais assíduos e amigos, eles se apresentam na cidade no fim de semana. Ambos lançam seus novos CDs, compostos por canções inéditas. Não tocam juntos, mas há um pouco de cada um nos dois palcos distintos. Arnaldo mostra o repertório de Paradeiro, no Sesc Vila Mariana. Brown toca as músicas de Bahia do Mundo - Mito e Verdade, no DirecTV Music Hall. A ligação mútua é estreita. Porém, hoje, ela é mais evidente no trabalho de Arnaldo. Paradeiro tem a co-produção de Brown, além de três parcerias: a canção de mesmo nome do disco, Santa e Lembrança Vó (também de autoria de Peu Meurray, Leonardo Reis e Orlando Costa). O outro produtor de Paradeiro foi o paulista Alê Siqueira. A mão percussiva de Brown sedimenta a vocação de compositor e cantor de música popular de Arnaldo. Isso já foi confirmado por ele. "A minha linguagem desabrocha em Paradeiro. Nesse trabalho tenho plena identificação com essa musicalidade que venho perseguindo e encontro parte dela em Brown", disse, em recente entrevista ao Estado. Ao contrário de muitos críticos musicais, Arnaldo considera a poesia do Brown sofisticada. "Adoro compor com ele, porque ele dá muitas idéias de letras também, a gente se entende muito nessa coisa de linguagem. Ele é muito aberto a subversões lingüísticas, invenção de palavras, mistura de inglês com português, essa coisa toda do broken english que ele faz, eu acho isso hipersofisticado. Eu acho que ele é um grande poeta", comentou. Brown, por sua vez, afirma que Arnaldo deu uma nova direção à instrumentação percussiva nacional, formalizando a literatura percussiva, em Paradeiro. "É um disco que, além de demonstrar o quanto a linguagem percussiva brasileira é importante no contexto da música popular por sua evolução nos últimos tempos no País, ganhando as mais diversas cores, reflete uma criação ajustada a esse movimento progressivo. É a percussão escrita, que está tanto na música eletrônica, superforte em São Paulo, quanto nos nossos tambores ancestrais. Isso tudo possibilita a ele um diálogo pleno com o mundo, com os centros e as periferias", analisou. Essa afinidade existe desde meados da década de 90, quando compuseram Com Água também É Mar, Lua Vermelha (uma homenagem a Luís Gonzaga cantada por Maria Bethânia no disco Âmbar) e Também É Margem, que também é de autoria de Marisa Monte, figura importante nesse processo. Ela, Brown e Arnaldo formam um núcleo importante de criação no cenário da MPB contemporânea. Para os shows do fim de semana, Arnaldo conta que ensaiou cerca de dois meses, até adaptar a sonoridade do disco para a banda ao vivo. Ele será acompanhado por músicos que também tocaram no CD. São eles: Bartolo (guitarra), Curumim (bateria), Guilherme Kastrup (percussão), Chico Salém (violão), Henrique Alves (baixo), Chico Neves (sampler e baixo) e Zaba Moreau (teclados). "Depois desses três dias de show em sampa eu embarco para o Porto (Portugal), onde vou montar uma instalação gráfico-poética na galeria Labirintho (com o auxílio luxuoso de Bia Lessa na direção de produção e de Paulo Pederneiras no projeto de luz) e também fazer uma performance que envolve música, poesia, vídeo e ação cênica no auditório da Fundação Serralves, acompanhado por Chico Neves e Guilherme Kastrup. São eventos para os quais fui convidado, ligados ao fato do Porto ser a capital européia este ano", conta. Já Carlinhos Brown, em Bahia do mundo - Mito e Verdade, distanciou-se temporariamente dos parceiros constantes, como Arnaldo e Marisa. Fez um disco autoral, produzido e arranjado por ele. Amanhã e domingo, ele toca acompanhado pelo tecladista André T.; o baixista Betão Aguiar; os percussionistas Bogan Costa, Cacau Alves, Dedé, Élber, Furunga, Kika, Marquinhos e Sinho; os guitarristas Gerson e Juninho Costa; o saxofonista Roninho Scott e o baterista Vandinho Carvalho. Além da turnê do novo álbum, ele terminou de produzir o novo CD da cantora Margareth Menezes, com Alê Siqueira, fez três músicas do filme Duendes, de Xuxa Meneghel, e uma das canções da nova versão de O Sítio do Pica-Pau Amarelo, chamada Saci. Para refletir sobre o atual momento criativo de ambos, especialmente nos palcos, a reportagem propôs que a dupla se entrevistasse, antes dos shows na cidade. Confira as respostas de Antunes a Brown e vice-versa. Arnaldo Antunes. Hoje, às 21h30; sábado, às 21 horas; e domingo, às 18 horas. De R$ 7,50 a R$ 20,00. Teatro do Sesc Vila Mariana. Rua Pelotas, 141, tel. 5080-3000. Até domingo Carlinhos Brown. Amanhã, às 22 horas; e domingo, às 20 horas. R$ 40,00 (pista) e R$ 90,00 (camarote). Ingressos antecipados R$ 25,00 e R$ 50,00. DirecTV Music Hall. Avenida dos Jamaris, 213, tel. 5643-2500. Patrocínio: Volkswagen e Phytoervas.

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