Em CD, a história do saxofone na música brasileira

Quarteto JP Sax lança no sábado o álbum Brasil: Um Século de Saxofone, repassando a contribuição dos grandes mestres do instrumento

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Por Agencia Estado
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Com a presença do maestro Moacir Santos e a participação do saxofonista e clarinetista Nailor Proveta Azevedo, o quarteto JP Sax lança sábado, no Teatro Denoy de Oliveira, o disco Brasil: Um Século de Saxofone, editado pela gravadora CPC-Umes e gravado em convênio com a Universidade Federal da Paraíba. Moacir Santos estará, com certeza, na platéia, na primeira fila. Eventualmente, subirá ao palco. Não é certo, pois seu estado de saúde inspira cuidados. Mas é possível - ele veio dos Estados Unidos, onde mora, especialmente para o lançamento. Brasil: Um Século de Saxofone é o segundo disco do JP Sax. O primeiro, JP Sax, saiu em 1999, pela mesma gravadora que lança este novo. O "JP" do nome deles significa João Pessoa. Eles são da Paraíba: João Leite Ferreira (sax soprano), José de Arimatéia Formiga Veríssimo (sax alto), Rivaldo Araújo Dias (sax tenor) e Heleno Feitosa Costa Filho (sax barítono). Participam ainda do show o contrabaixista Xisto Medeiros e o baterista e percussionista Hermes Medeiros. Os quatro saxofonistas são vinculados à Orquestra Sinfônica da Paraíba. O quarteto atua como grupo de câmara e, na opinião de especialistas, é uma das melhores formações do gênero em atuação nos dias de hoje. Moacir Santos concorda com a opinião. Tanto que escreveu uma peça especialmente para o grupo, Excerts # 1, que está no disco e no roteiro do espetáculo. Disco e show trazem ainda mais uma composição do mestre Moacir, Amalgamation. Esta composição, nova, foi gravada no recém-lançado disco-tributo Ouro Negro - homenagem que Moacir recebeu de grandes nomes da música brasileira. História curiosa é que o JP Sax fez o registro antes, mas o disco Ouro Negro chegou primeiro às lojas. Não importa. "A mais perfeita gravação de Amalgamation é a do JP Sax", confidencia o maestro. No início do ano, ele viajou dos Estados Unidos até a Paraíba para participar da gravação dessa música e também da de Excerts # 1. Escreveu arranjo para ambas e regeu o grupo. Mais homenagem - Outro que compôs especialmente para o novo CD do quinteto paraibano foi o clarinetista Nailor Proveta, líder da Banda Mantiqueira e um dos músicos de sopro mais requisitados da atualidade. Proveta compôs Danças e Andanças com o Sax, uma espécie de suíte aberta com curioso amaxixado sinuoso e extremamente dissonante, que passeia - como nas andanças do título - pela música contemporânea, pega a estrada de volta montada no baião, pondo o pé na roda de um xaxado que Hermeto Paschoal dançaria. A idéia do JP Sax foi a de contar a história do saxofone na música brasileira usando como guia a música de grandes mestres do instrumento, dos precursores aos que estão surgindo: Carlos Malta, Proveta, José Ursicino - Maestro Duda -, Vitor Assis Brasil, Paulo Moura, Moacir Santos - naturalmente -, Severino Araújo, Levino Ferreira, Abel Ferreira, Lourival Inácio de Carvalho - o Louro -, Anacleto de Medeiros e, por fim, não por último, Alfredo da Rocha Vianna, ou seja, Pixinguinha. O repertório de disco e show traz um curiosíssimo Tributo a Charlie Parker em forma de choro, assinado pelo pernambucano José Ursicino. Terminada a exposição do tema - rigorosamente chorão -, entra o sax-solo de Proveta improvisando sobre os blocos de acordes da melodia original, como se fosse o inventor bop. É uma idéia engraçada e inteligente, uma das idéias inteligentes de um disco cheio de brilhos. Outra menção ao jazz vem na música Take Five and Six do - também - pernambucano Edson Rodrigues, que põe um valseado no tempo quebrado que Brubeck tornou marca registrada. E, do boper Vitor Assis Brasil, o JP Sax escolheu o baião Pro Zeca, opção original. Enfim, não há nada de óbvio na música apresentada pelo JP Sax. Mesmo os clássicos - Espinha de Bacalhau, de Severino Araújo, Chorando Baixinho, de Abel Ferreira, ou Urubu Malandro, de Braguinha e Louro, recebem tratamento como nunca ouvido antes. Por isso Moacir Santos pegou o avião. JP Sax. Sexta, às 22 horas. Os ingressos devem ser retirados com 1 hora de antecedência. Teatro Denoy de Oliveira. Rua Rui Barbosa, 323, tel. (11) 251-3119.

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