Em Cannes, mercado fonográfico prevê o fim do CD

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Por Agencia Estado
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Demorou, mas as grandes gravadoras finalmente parecem ter despertado para as evidências: a salvação do negócio contra a pirataria está no investimento de novos formatos e sistemas de distribuição de música por meio da tecnologia digital. O 38.º Midem (Mercado Internacional do Disco e da Edição Musical), o maior encontro do ramo, que terminou ontem em Cannes, França, será lembrado como o que decretou a morte do CD. "O Midem transcorreu com mais otimismo, a indústria discográfica se deu conta de que tem de subir ao trem da tecnologia", afirmou Dominique Leguern, diretora do evento. Apesar do declínio nas vendas do CD, que registrou baixa de 10% no ano passado no mundo, os profissionais do setor começaram a ver "uma luz no fim do túnel", segundo Dominique. Eles estão otimistas com a criação dos novos modelos de distribuição de música online, como o I-Tunes da Apple, que vendeu 19,2 milhões de canções só nos Estados Unidos, de abril a dezembro do ano passado. O Brasil, cujo índice de pirataria já ultrapassa 50% do mercado, marcou presença com a representação das gravadoras independentes, pelo terceiro ano consecutivo. Rob Digital, iMusica, Biscoito Fino, Dabliú, ST2 e Ouver, entre outras, dividiram os estandes com os associados da ABM-I (Associação Brasileira da Música Independente) e a BM&A (Brasil Música & Artes), organização criada por produtores e gravadoras independentes. O objetivo é ampliar o mercado internacional para a música brasileira. Na edição passada do Midem, o setor fechou cerca de 500 contratos comerciais com mais de 30 países. A BM&A e a iMusica, empresa que mais investe no setor de distribuição digital na América Latina, juntaram forças para criar um protótipo, para fins promocionais, que usa tecnologia de compressão digital e proteção DRM (Digital Rights Management). Foram reunidas 100 faixas de vários artistas em um único CD. Esse sistema codifica as faixas em formato WMA 160 kbps, que depois de licenciadas online, podem ser ouvidas no computador e gravadas em CD. Só os proprietários dos CDs deverão ter acesso aos arquivos digitais. O objetivo do programa é facilitar o acesso de jornalistas, radialistas, distribuidoras e gravadoras à produção dos artistas que não estão vinculados às majors. Entre eles estão nomes de peso, como Elza Soares, Daúde, Francis Hime, César Camargo Mariano, Wagner Tiso, Paulo Moura e Toninho Horta.

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