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Em busca de um Elvis judeu

Instigados pela notícia (verdadeira) de que o rei do rock´n´roll tinha uma antepassada judia, jornalistas produzem filme, livro e website misturando fatos e besteirol sobre o sangue hebreu do astro

Por Agencia Estado
Atualização:

Dois jornalistas canadenses acabam de provar que uma boa idéia, por mais estapafúrdia que pareça, pode se transformar em um projeto lucrativo. Inspirados por uma reportagem de 1998 do The Wall Street Journal, que pela primeira vez especulou que Elvis Presley era descendente de judeus, Max Wallace e Jonathan Goldstein resolveram ir atrás das verdadeiras raízes do rei. A viagem, feita em um ônibus transformado em estúdio e casa, virou um filme, um livro e um website. Bem-vindo ao mundo de Schmelvis. O projeto, claro, tem ares de besteirol, inclui um sósia de Elvis que é judeu ortodoxo e tem trechos gravados em Israel - e é recheado de revelações curiosas. Wallace e Goldstein ficaram intrigados com a reportagem que revelava que a tataravó do astro era judia. Eles resolveram fazer um empréstimo e conseguiram vender a idéia de um documentário para um canal de TV inglês. A primeira parte da "road trip" foi de Toronto, no Canadá, a Memphis, Tennessee, terra do rei. No caminho, eles descobriram várias "raízes" judaicas de Elvis, como o fato de que ele morou, durante a infância, em cima do apartamento de um rabino. Os diretores localizaram a viúva do rabino, que revelou que o astro fazia as atividades proibidas aos ortodoxos no sábado (operar máquinas e aparelhos eletrônicos) e que sempre ficava para o jantar _ e adorava a comida. Ela também disse que ele costumava doar dinheiro anualmente para diversas associações judaicas. Por meio da viúva, eles acabam indo falar com a dona do apartamento em que a família Presley morou - e descobrem, por meio de fotos inéditas da infância dele, que Elvis fez uma plástica no nariz. "Hoje descobrimos que a mãe dele queria que ele fosse médico, que ele adorava comida judaica e que fez uma operação no nariz", escrevem os autores em um trecho do livro. "Que outra prova precisamos sobre a origem dele?" O livro, Schmelvis: In Search of Elvis Presley´s Jewish Roots (editora ECW, US$ 17,95 nos Estados Unidos), que relata o processo de produção do filme, tem 208 páginas e uma série de fotos também da viagem feita a Israel. Há, sem dúvida, um bom trabalho de investigação, feitas por um detetive particular contratado pela produção e também por Wallace, que é autor do livro Who Killed Kurt Cobain?, de 1998, e chegou a ganhar um prêmio da revista Rolling Stone, nos anos 80, como "melhor jornalista investigativo". Mas o projeto, que estréia no aniversário de 25 anos da morte de Elvis, inclui momentos de puro besteirol, como as receitas do sanduíche de pasta de amendoim da tia deles e uma série de outras bobagens. No website oficial do projeto, no endereço http://www.schmelvis.com, há por exemplo uma seção chamada "Jesus versus Elvis", que faz analogias como: "Jesus disse ´ame seu irmão´" e "Elvis disse ´não seja cruel´" (em referência à canção Don´t Be Cruel); ou "Jesus andou sobre a água" e "Elvis foi surfista".

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