Elza Soares abre em SP turnê de "Dura na Queda"

Novo espetáculo, com direção de José Miguel Wisnik e Gringo Cardia, entra em cartaz no Teatro Renaissance

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Por Agencia Estado
Atualização:

A intuição de Elza Soares é certeira. No ano passado, a intérprete disse que este seria o seu ano. E é. Além da consagração fora do País, que não vem de agora e foi reforçada com o recente título de Cantora Brasileira do Milênio, que recebeu da BBC, rádio e TV inglesa, Elza dá início neste fim de semana à turnê do novo espetáculo Dura na Queda, no Teatro Renaissance. "Em grande estilo", confirma. "É um show para provar que estou aí, fazendo música de qualidade, sem patrocínio nem gravadora", diz. "É, como há algum tempo não faço, uma produção cuidadosa, com equipe de quase 30 pessoas." Gringo Cardia e José Miguel Wisnik assinam a direção. "O nosso papel na concepção do espetáculo é o de agregar idéias para potencializar o fato de a Elza ser uma grande cantora da música contemporânea, brasileira e internacional", informa Wisnik. "Ela é competente naturalmente mas é importante ressaltar essa versatilidade criativa." Segundo Elza, a parceria com Cardia e Wisnik explora a sua teatralidade. "Escolhemos músicas fortíssimas, que exigem interpretações elaboradas", conta. "Acho que, na verdade, é reflexo da minha personalidade e da história de vida dura, que está ao alcance de todos, sem meias verdades." Uma história de vida dura que não a impede de sorrir com facilidade, divertir-se com a entrevista e, o melhor, apaixonar-se. "Eu sou uma criança", diz. "É sensacional viver com paixão, eu não sei o que é solidão", diz, numa breve referência ao jovem namorado, assunto que prefere manter sob discrição. "E é justamente esse meu fôlego de viver intensamente que faz a minha interpretação não ganhar o tom nostálgico, somente de tristeza, muito ao contrário." Diferentemente de seu show anterior, Elza Carioca da Gema, que não tinha roteiro definido, Dura na Queda passeia por diversas fases de sua extensa carreira. Mas, além de gravações, há composições inéditas e versões para músicas de Cole Porter. Do início da carreira, Elza canta, por exemplo, Lama de Alice Chaves e Paulo Marques. A música foi interpretada por ela no programa de auditório de Ary Barroso. Tinha 14 anos, já era casada e mal tinha dinheiro para vestir-se. E assim venceu. Amanhã, felizmente, Elza exibe visual impecável e, sobretudo, sensual. Mais recordações: Mulata Assanhada, de Ataulfo Alves, e Meu Guri, de Chico Buarque. "Tenho ligação fortíssima pessoal e com a obra de Chico", afirma. "Foi ele quem deu uma grande força a mim e ao Mané, quando fomos ´convidados´ a nos afastar do País." A poesia de Chico Buarque ainda direciona caminhos. Aliás, Dura na Queda, de sua autoria, dá nome ao show, apesar de ainda inédita em CD (Perdida na avenida/ Canta seu enredo/ Fora do carnaval/ Perdeu a saia/ Perdeu emprego/ Desfila natural/ Esquinas mil buzinas/ imagina orquestras/ Samba no chafariz/ Viva a folia/ a dor não presta / felicidade sim/ O sol ensolarará a estrada dela a lua alumiará o mar...). "Essa música, mesmo não criada intencionalmente, é um retrato essencial de Elza", define Wisnik. Elza também mostra Bambino, letra de Wisnik e música de Ernesto Nazareth. Outras belas novidades são a interpretação de Fadas, de Luís Melodia, em homenagem a Astor Piazolla, e Haiti, de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Nessa canção, Elza conta com a participação do grupo de Vigário Geral Afro Reggae. "Lá não é celeiro só de marginais, como muitos julgam", opina. "É em lugares assim que nasce o que há de mais nobre na nossa arte." Elza Soares - Sexta esábado, às 21h30 e domingo, às 19 horas. R$ 25,00. Teatro Renaissance. Alameda Santos, 2.233, tel. 3069-2233. Até 6/8.

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