Elton Medeiros recebe Prêmio Shell no Rio

Ele é o 21.º contemplado de uma lista que começa com Pixinguinha e passa por Braguinha, Milton Nascimento, Chico Buarque e Caetano Veloso, e uma constelação da música popular brasileira

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Por Agencia Estado
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O samba vai em peso nesta terça-feira à noite ao Canecão, no Rio, para a entrega do Prêmio Shell de Música a Elton Medeiros. Ele é o 21.º contemplado de uma lista que começa com Pixinguinha e passa por Braguinha, Milton Nascimento, Chico Buarque e Caetano Veloso, e uma constelação da música popular brasileira. Entre os compositores rotulados de sambistas, há Martinho da Vila, Paulinho da Viola e Zé Keti, os dois últimos parceiros em grandes clássicos, como Onde a Dor não Tem Razão e Mascarada. As duas músicas fazem parte do roteiro do show da noite em que Medeiros receberá o troféu de Caio Mourão (além de R$ 15 mil) e terá no palco companheiros de seus mais de 40 anos de carreira. A direção musical é de Cristóvão Bastos e, no repertório, algumas das mais de 150 composições já gravadas do sambista. Além de mostrar algumas inéditas, como Meu Bairro, feita como samba de quadra para a escola de samba Aprendizes de Lucas, agremiação fundada por Elton e depois fundida com a Unidos da Capela para virar Unidos de Lucas. "Vamos mostrar também um instrumental, Serenata para Trombone, tocada pelo Roberto Marques porque hoje não sou capaz de emitir nota em instrumento nenhum", diz o compositor modestamente. Nem sempre foi assim, ele foi músico de banda, tocou em gafieiras e participou do grupo Os Cinco Crioulos, criado para o lendário show Rosa de Ouro, que lançou também Paulinho da Viola, Nelson Sargento, Anescarzinho e Jair do Cavaquinho. "Depois, o Paulinho saiu, porque a carreira individual dele começou a dar certo e entrou o Mauro Diniz." Tristeza - Anescarzinho e Mauro Diniz já morreram, mas os outros estarão no Canecão para cantar com Elton Medeiros e festejar seu sucesso. Vão comparecer também a Velha Guarda da Portela e Elza Soares, mas a alegria de Elton não será completa. "Perdi duas irmãs recentemente e, embora eu evite fraquejar, vou me lembrar delas", comenta. O prêmio deixa-o feliz pelo reconhecimento, mas não altera suas vendagens. Ou melhor, ele não tem dados sobre isso. "Se eu entendesse de venda de discos, não fazia a música que faço. Não está na mídia, mas está em toda roda de samba que se preze." Quem freqüenta sabe de cor Na Madrugada, Quatro Crioulos, Pressentimento, Peito Vazio e Ame, parceria com Paulinho da Viola, sucesso em meados dos anos 90. Sem se preocupar com esses detalhes (afinal, é administrador de empresas e seu sustento não vem só da música), Elton Medeiros já planeja 2002. Vai divulgar o disco Aurora Feliz e, em março, volta a publicar um livro (o primeiro foi O Homem Fluminense em 1975). No livro, reconta quatro versões da morte do compositor Geraldo Pereira, em parceria com o violonista Luiz Filipe Lima. "Ninguém sabe direito como ele morreu e, à medida que o tempo passa, surgem novas histórias, porque quem conta um conto aumenta um ponto. Tentamos chegar ao mais próximo da verdade", diz Medeiros.

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