Elba Ramalho lança CD com músicas de Luiz Gonzaga

Elba evitou os hits de propósito. Gravou O Xote das Meninas e Vem Morena e também o choro O Xamego da Guiomar e a valsa Orélia

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Por Agencia Estado
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Há muito tempo, a cantora Elba Ramalho queria lançar um disco só com músicas de Luiz Gonzaga, o cantor/compositor que ela mais ouviu quando criança, na Paraíba. Ia ser no ano passado, mas Gilberto Gil foi mais rápido, gravou os grandes sucessos do Rei do Baião e Elba adiou o projeto para este ano. O disco Elba Canta Luiz está saindo agora, em parceria com o sanfoneiro Dominguinhos, o mais legítimo herdeiro de Gonzagão. Ela visita o repertório pouco conhecido de Lua e o reveste com arranjos tradicionais, embora não tenha dispensado as sosfisticações que acrescentou à sua música nos últimos 25 anos. "Escolhi a simplicidade porque o Dominguinhos é uma verdadeira orquestra. Ele fez os arranjos e dividiu a produção comigo e, quando ouvi o que tinha preparado, não quis cobrir sua música, pus minha voz humildemente para que todos brilhássemos juntos", confessa Elba, com modéstia. O disco surge num momento em que o forró ressurge com vigor em todo o País, mas ela garante não estar aproveitando um modismo. "Luiz Gonzaga sempre esteve na minha música, foi o que ouvi desde criança. Ele gostava do meu trabalho e sempre o elogiava, desde que gravamos juntos Sanfoninha Choradeira, em 1984." Ao escolher as 13 faixas do disco, Elba evitou os hits de propósito. Gravou O Xote das Meninas e Vem Morena, mas preferiu o choro O Xamego da Guiomar (que canta com Zeca Pagodinho), a valsa Orélia, o xote Aquilo Bom (Garotas do Leblon) e O Cheiro da Carolina, porque acredita existir uma vertente esquecida do público. "Luiz Gonzaga começou com choros e valsas porque a música nordestina, nos anos 40, era muito discrimidada. O repertório de sucessos do Luiz Gonzaga dá para vários discos, mas o pouco divulgado dá para muito mais." Elba defende que a volta do forró deve ser creditada, em primeiro lugar, à qualidade intrínseca das músicas, mas também ao show Grande Encontro, que ela, Alceu Valença, Geraldinho Azevedo e Zé Ramalho fizeram no início dos anos 90, depois transformado em disco que chegou a vender 1 milhão de exemplares. "Houve outros fatores também: a música do Lenine, o Chico Science com o Mangue Beat, as pessoas que iam para o sul da Bahia de férias e dançavam a noite inteira", enumera. Ela, que grava forrós desde seus primeiros discos, sofisticando o gênero com teclados, sopros e eletrônica, foi econômica agora. "Tem sopros, cavaquinhos e bandolins, mas preferi a simplicidade, manter-me fiel ao estilo de Gonzaga, embora com minha pulsação." A cantora pretende em breve fazer um grande show em São Paulo, tendo como convidados músicos que foram influenciados por Luiz Gonzaga. No Rio, quer montar um grande arraial, como uma prévia da turnê que fará pelo Nordeste, aproveitando as festas juninas. A estréia vai ser em Caruaru e, em julho, o show viaja pela Europa. Elba já escolheu também a música que cantará nos programas de televisão. "Será Quer Ir mais Eu?, que é um raro frevo de Luiz Gonzaga, um lado carnavalesco pouco conhecido", adianta ela. "Todo mundo me pede para cantar, até hoje, Banho de Cheiro, mas agora vou passar a cantar Quer Ir mais Eu?, que também é alegre e animado."

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