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Elba Ramalho grava CD e faz show intimista

Cantora paraibana se apresenta desta sexta a domingo no Sesc Vila Mariana

Por Agencia Estado
Atualização:

Elba Ramalho fez sua carreira no palco em shows entusiasmados, teatrais, geralmente adornados por grandes cenários coloridos. Os fãs agora têm a oportunidade de vê-la em versão mais intimista, desta sexta-feira a domingo no Sesc Vila Mariana. Contrariando o hábito de não trabalhar no verão, a cantora paraibana também está em estúdio, gravando o próximo álbum, Raízes e Antenas, programado para sair no fim de abril. O repertório do show (todo de hits) contrasta com o do CD, só de canções inéditas, mas os autores são basicamente os mesmos entre seus nordestinos prediletos: Zé Ramalho, Lenine, Chico César, Geraldo Azevedo, Bráulio Tavares, Lula Queiroga, produtor do CD, entre outros. Como deixa claro no título, o disco tem o pé na terra, mas a sonoridade do mundo, a provar que o artista "quanto mais se regionaliza, mais se universaliza". O projeto engrenou a partir de uma canção de Roberto Mendes e Capinam, Qual o Assunto Que mais lhe Interessa. Incisiva, apocalíptica e mais do que oportuna no vácuo existencial do novo século, a letra começa perguntando: "Qual o assunto que mais lhe interessa/ Além da vida in vitro feita nas coxas e vivida às pressas?" E prossegue listando: "A empresa da guerra... / Clonagem da mente... / A decadência moral, a calota polar/ O império dos egos, o vidente cego... O colapso dos mares .. O fim da natureza/E o final da história, glória, glória, glória, glória." Mais adiante, um jato de luz poética: "Apenas uma canção invento agora, um poema/ A madrugada é silêncio, a dor acalenta/ Esquece o início de tudo e fim dos tempos/ Deita no colo de tua amada/ Onde da misteriosa expansão do nada/ O universo se alimenta." "Essa letra traduz bem a temática de todo o disco, que é sobre amor, sobre ter fé, o fim dos tempos e os novos tempos que virão para a humanidade", antecipa a cantora. O novo trabalho também vai ser registrado em DVD a ser gravado em Trancoso, no litoral da Bahia, onde Elba tem uma casa que vai "passar adiante". Ali, durante vários verões, reuniu os amigos num pequeno palco em shows para a comunidade local. Alguns deles, autores das canções do CD, como Pedro Luís e A Parede e os já citados, vão voltar lá para as gravações em março fechando seu último verão ali. "As pessoas vão tomar um susto com esse disco", avisa a cantora, que passou "mais de um ano pesquisando sons, ouvindo canções, buscando sonoridades". Desfeito o contrato que tinha com a antiga BMG, ela é mais um nome consagrado a partir para a produção independente e "possivelmente" vai lançar Raízes e Antenas pela Biscoito Fino. "Estou superfeliz de fazer meu trabalho sem pressão, sem me preocupar que música vai tocar no rádio. Nunca tive de fazer grandes concessões, mas sentia uma certa pressão", avalia. Entre a força de sua cultura e o novo que sempre vem, ela prefere os dois. Sem aquela idéia de vender um milhão de discos, imposta pelo marketing que já não reverbera, hoje ela diz que se sente "um passarinho feliz". "Não preciso provar nada para ninguém, posso experimentar. Quando a gente amadurece perde a ansiedade e ganha na qualidade. Quem embarca na idéia do marketing, em que a maior parte é descartável, quem quer emplacar, ficar na moda, aparecer no carnaval, acaba se violentando." No DVD ela vai documentar sua "caminhada do sertão até o mar", a relação de uma paraibana com a Bahia, acompanhada de uma banda basicamente formada por músicos pernambucanos. A turnê de lançamento vai ser realizada só em teatros. "Minha expectativa é só fazer o que eu gosto."

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