Duo Los Pajaritos atua nas fronteiras da canção

Antonio Farinaci e Antonio Sobral apresentam seu disco de estreia no palco do Blue Note de São Paulo, com influências diversas, da MPB ao folk psicodélico

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Por Guilherme Sobota
Atualização:

Foi em São Paulo que o cantor Antonio Farinaci, de 50 anos, e o compositor Antonio Sobral, de 33, se conheceram. O novo disco Los Pajaritos, a estreia do duo de mesmo nome, nasce da mistura única de referências – de Caetano Veloso e Jards Macalé ao folk psicodélico de Linda Perhacs, passando pelo poeta americano Moondog, até Pierre Boulez. Sem esquecer Augusto de Campos, autor do texto de apresentação do álbum. A dupla apresenta o novo trabalho nesta sexta-feira, 31, no Blue Note São Paulo, às 22h30. Os ingressos antecipados custam R$ 40 (R$ 80 na porta).

“Há um viés irônico nessas realizações cheias de referências metalinguísticas a estilos e linguagens”, escreve Campos sobre o álbum. “Surpreendem as combinações insólitas”, diz, citando violinos à Ligeti, solos de fagote, “pontuação rítmica” do teremin e até um coro de rãs, gravado e utilizado na faixa Ladainha. “Um disco alternativo, para poucos? Um disco para gente inteligente. Um presente ao país do passado”, conclui o poeta.

Duo Los Pajaritos. Antonio Sobral (E) e Antonio Farinaci Foto: GOKULA STOFFEL E FLORA REBOLLO

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Os sons de Los Pajaritos são de fato pouco padronizados, ainda mais quando se pensa na facilidade de acesso a todo tipo de música na era do streaming – inclusive, é claro, as mais convencionais possíveis.

“Não sei se as convenções que existem hoje são piores do que as de qualquer outro tempo”, explica Farinaci, músico experimentado da cena paulistana, responsável pelas composições, arranjos e produção do disco. “Mas sinto que hoje existe a valorização de um discurso explícito. É como se você tivesse necessariamente de usar as palavras ‘gênero’ e ‘corpo’ em seu trabalho, para ter relevância, senão alguém pode não entender do que você está falando.” Mesmo assim, ele não vê o trabalho como “alternativo”. “Eu diria que fazemos música popular, talvez um pouco estranha, pela variedade de gêneros com que a gente flerta, mas, ainda assim, música popular. Quem sabe seja preciso inventar essa categoria...”

O álbum foi gravado em São Paulo, mas a maior parte das músicas foi concebida na região serrana do Rio, onde vive Sobral, responsável pelas letras e melodias do projeto. O trabalho, desenvolvido ao longo de três anos, guarda ainda uma relação próxima com a MPB.

“A MPB foi um gênero de música popular libertário, que representava um passo além do ‘bom gostismo’ da bossa nova e do conservadorismo dos setores da crítica musical que preferiam uma música brasileira mais ‘de raiz’”, diz Farinaci. “Então, a gente procura ter na hora de compor essa mesma liberdade que a MPB teve em seus melhores momentos.” O resultado sobe, nesta sexta, ao palco do Blue Note.

LOS PAJARITOS

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Blue Note. Conjunto Nacional, 2º andar. Avenida Paulista, 2.073, tel. 3179-0050. 6ª (31/5), às 22h30. R$ 40 / R$ 80

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