Dona Zica da Mangueira morre no Rio

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Por Agencia Estado
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Morreu hoje de manhã a sambista Eusébia Silva de Oliveira, a Dona Zica da Mangueira, aos 89 anos. A viúva do compositor Cartola sofreu uma parada cardiorrespiratória quando dormia em sua casa, no Morro da Mangueira, no Rio. Nos últimos tempos, havia passado por várias internações. Ela deverá ser velada na quadra da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, que ajudou a fundar. Dona Zica era a primeira e grande dama do samba da Mangueira. Com Cartola, com quem se uniu em 1952 e casou em 1964, produziu o casamento mais famoso da história do samba. A Zica, Cartola dedicou algumas de suas canções clássicas. Uma das mais conhecidas é Tive Sim, um samba cuja letra é uma prova de amor: ?Tive sim/Outro grande amor antes do teu/Tive sim/Mas comparar com teu amor seria o fim ?. Cartola e Zica levaram sua união para além do samba e do morro. Como Zica era cozinheira de mão cheia, o casal fundou o restaurante Zicartola, em 1963, na Rua da Carioca, uma das mais antigas e tradicionais do centro do Rio. O Zicartola durou apenas dois anos, mas foi tempo suficiente para marcar a história da cidade. Lá se reunia a nata da música popular, especialmente, do samba. Boa comida e samba eram a rotina do restaurante, que recebia gente como Paulinho da Viola, Hermínio Bello de Carvalho, Moreira da Silva, Zé Keti e vários outros. Dona Zica nasceu em 6 de fevereiro de 1913, no bairro de Piedade, zona norte do Rio. Durante os primeiros anos de sua vida, fazia todo tipo de serviço na casa de uma família de Copacabana. Maltratada na casa onde trabalhava, Dona Zica teve sua própria casa, já com Cartola, em 1965, no morro da Mangueira, de onde o casal não mais sairia. Cartola morreu em 1980, de câncer, apenas seis anos depois de gravar seu primeiro disco. Ao lado de Carlos Cachaça e outros nomes históricos do samba, fundou a Estação Primeira de Mangueira e ajudou a consagrá-la como um dos berços do samba. Quando Cartola faleceu, já havia sido criada a Velha Guarda da Mangueira, da qual ele era figura de destaque. Dona Zica perpetuou sua memória na ala da Velha Guarda, na qual desfilou até quando a saúde não parecia permitir. Ela não pôde participar do desfile do ano passado, mas teve a felicidade de ver a Mangueira, uma última vez, campeã do Carnaval. Veja galeria de imagens

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