17 de abril de 2018 | 14h17
RIO — Dona Ivone Lara será homenageada em um musical a estrear em setembro no Teatro Carlos Gomes, no centro do Rio, intitulado Um Sorriso Negro, título de um famoso samba seu. Ela vinha participando nos últimos seis anos da pré-produção, contou o idealizador do espetáculo, Jô Santana, nesta terça-feira, 17. A sambista morreu na segunda-feira, aos 97 anos.
“É uma grande homenagem à mulher, ao empoderamemto feminino. Dona Ivone foi pioneira como compositora (a primeira mulher a ter samba na avenida, em 1965, por seu Império Serrano)”, disse Santana, que já encenou um musical sobre Cartola — o projeto é de uma trilogia de sambistas fundamentais, e será concluído com Martinho da Vila.
Aos 97 anos, Dona Ivone Lara morre no Rio
“Como disse Alcione, Dona Ivone era um pássaro que veio do Império Serrano para guiar todo mundo. Era a mãe que acalentava e cuidava, a avó. Ela estava empolgada com a peça. A família aprovou o texto. Vamos fazer também uma exposição no teatro, com fotos e figurinos. A peça começa com o encontro dela com a médica Nise da Silveira”, explicou. A compositora era enfermeira e trabalhou com a famosa psiquiatra.
A direção será de Elisio Lopes; a direção musical, de Rildo Hora, que produziu disco de Dona Ivone e era seu amigo. Serão três atrizes, para interpretá-la da infância à maturidade. As audições serão no Itaú Cultural, no fim de maio. A peça chega a São Paulo em 2019.
Eliana Lara, nora de Dona Ivone, quem a acompanhava em shows, ajudando-a a se vestir, contou que ela mantinha a lucidez e a musicalidade. Ausentava-se por vezes e depois se punha a solfejar uma nova melodia. Nessas horas, mandava chamar o neto e parceiro, André Lara. A última parceria faz “uns oito meses”. “Foi minha segunda mãe. Muito amorosa. Era muito requisitada para shows, especialmente em São Paulo. Era reverenciada e ovacionada."
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