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Dona Edith canta sua estréia em CD, aos 86 anos

A "dama do samba do Recôncavo" faz hoje e amanhã em São Paulo show de seu disco Vozes da Purificação

Por Agencia Estado
Atualização:

A Bahia tem dessas coisas. Na década passada mandou e desmandou no mercado pop com a expansão do carnaval. Ao mesmo tempo manteve na estufa verdadeiras instituições do samba, como Riachão, Roque Ferreira, Batatinha (1924-1997) e Dona Edith do Prato. Revelada pelo mesmo Caetano Veloso que defende a axé music, Dona Edith apareceu pela primeira vez raspando a faca no prato no álbum Araçá Azul (1972) e em seguida em Torno a Repetir, num compacto. Foi também homenageada por Roque Ferreira no recém-lançado CD do baiano. Somente no ano passado, aos 86 anos, lançou o primeiro disco, Vozes da Purificação, cantando uma série de preciosos sambas de domínio público. Hoje e amanhã, a "dama do samba do Recôncavo", como é também conhecida, mostra o repertório do disco no Itaú Cultural, dentro do projeto Toca Brasil. Nascida Edith Oliveira Nogueira há 87 anos em Santo Amaro da Purificação, terra do ilustre padrinho e sua irmã Maria Bethânia onde vive até hoje, ela contou com a participação de ambos no CD. Nunca rejeita convites para animar festas e rodas de samba em seu reduto. É uma das figuras mais luminosas na Festa da Purificação, ao lado de Caetano, Bethânia e da mãe de ambos, Dona Canô, outro emblema baiano, e Roberto Mendes, com quem já dividiu os microfones e passa a herança. Fora disso, no entanto, Dona Edith ainda se acanha um pouco na presença do público. Já foi pior, ela própria confessa. "Quando cantei no palco pela primeira vez, há uns 30 anos, ao lado de Caetano, Chico Buarque e MPB-4, não me sentia segura, ficava com vergonha", conta, tímida, falando pausadamente. "Agora tenho as meninas para me apoiar." As "meninas" são um grupo de senhoras, as vocalistas Elza Oliveira, Heda Barretto, Nená Barretto, Odília Silva, Olandina Pereira, Sídia Barretto e Zilda Ramos, a que se refere o título do CD. Quem convenceu Dona Edith a registrar em disco uma pequena parcela dos muitos sambas que guarda em sua memória enciclopédica foi Jota Velloso, do clã de Dona Canô. Alguns desses sambas se tornaram conhecidos, entre eles Viola, meu Bem, Viola, que abriu Araçá Azul, Cavaleiro e Marinheiro Só, ambas também incorporadas ao cancioneiro de Caetano. "Achei difícil gravar porque já me achava muito velha, mas ele me convenceu a fazer o disco. É um negócio pequeno, mas de valor", simplifica Edith. O samba em seu estado mais primitivo e despojado fala por si. Dona Edith do Prato - Hoje e amanhã, às 19h30. Entrada franca. Ingressos devem ser retirados a partir das 18 horas. Itaú Cultural. Av. Paulista, 149, tel.: 3268-1776.

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