Documentário traz olhar introspectivo para a vida e obra de Elliott Smith

Cantor morreu de maneira misteriosa em 2003, aos 34 anos

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Por Pedro Antunes
Atualização:

Nickolas Rossi não sabia que daria início à filmagem do documentário Heaven Adores You, quando foi ao memorial improvisado por fãs após a impactante notícia da morte do cantor e compositor Elliott Smith, em 21 de outubro de 2003. Com sua filmadora, registrou trechos da homenagem como um regalo àqueles que, como ele, sentiam pelo ocorrido. 

O vídeo circulou pela comunidade fissurada pelo músico nascido no Texas, mas que fixou moradia principalmente por Portland, Nova York e Los Angeles. “Eu já estava familiarizado com a música dele, mas não com a quantidade de fãs que ele tinha”, conta o diretor do documentário que estreia em território brasileiro no festival In-Edit, segunda, 6, às 19h, no CineSesc, e ainda será exibido na quinta-feira, 9, às 15h30, na Cinemateca. “Aquelas imagens se tornaram bastante populares entre os ávidos por mais material dele.” 

Elliott Smith Foto: Divulgação

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Em 2008, Heavens Adore You começou a ser, de fato, levado adiante. Uma vaquinha virtual foi montada e reuniu pouco mais de US$ 15 mil, de 218 doadores. Não era o suficiente, mas o projeto seguiu em frente. 

A relação de Rossi com Smith é mais afetiva do que, de fato, de idolatria. O diretor, na juventude, viveu em Portland na mesma época em que Smith, na primeira metade da década de 1990. “Eu estava muito antenado no tipo de música que estavam fazendo em Portland naquele tempo”, conta o diretor, que chegou a assistir a alguns shows de Smith na cidade. “Eu não me consideraria um fã, digo, extremamente fanático, mas gosto das canções dele.” 

Smith começou a se apresentar na cidade com a banda Heatmiser. Conseguiu até algum hype, mas nada consistente. Partiu para um número solo e foi como se achou – e achou os seus. Era o momento do grunge, de Nirvana, Mudhoney, Pearl Jam, Soundgarden, entre outros, encherem as rádios e TVs de ruídos de guitarras absurdamente altas, mas Smith, com seu violão e uma voz tímida, conquistou espaço próprio. 

Os discos Roman Candle (1994), Elliott Smith (1995) e Either/Or (1997) formam um potente trio de ataque, lançados enquanto a popularidade do músico crescia na base do boca a boca. Quando a música Miss Misery entrou para a trilha do filme Gênio Indomável e indicada para o Oscar, a vida de Smith mudou. Deixou de ser aquele compositor obscuro com um seleto séquito de fãs. A popularidade, contudo, cobrou alto do rapaz problemático. 

Smith dizia aos amigos que, em algum momento, tiraria a própria vida. Tentou fazê-lo em banho-maria, ao passar a usar heroína e beber doses consideráveis de álcool. A morte de fato, em 2003, é cercada de mistério. Com uma facada no peito, Smith pode ter ou não tirado a própria vida. Suas canções, contudo, ainda ecoam pelos corações partidos e solitários em busca de companhia.

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