DJ Mau Mau lança álbum para ouvir quieto

Art, Plugs and Soul (Trama) revela lado mais denso, intimista

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Por Agencia Estado
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Quem conhece o DJ Mau Mau apenas das pistas deve se surpreender com o conteúdo de seu segundo álbum-solo como produtor. O autoral Art, Plugs and Soul (Trama), que tem festa de lançamento nesta quinta-feira no Royal Club, em São Paulo, revela seu lado mais denso, intimista. Não que ele tenha perdido o pulso dançante (há até quatro faixas-bônus nessa linha em MP3 no fim do CD), mas é um álbum justamente para mostrar que ele também é capaz de fazer boa música eletrônica para se ouvir quieto em casa - o que não quer dizer desanimado. Partindo de referências visuais, como as colagens que cria e ilustram a capa e o encarte do CD, Mau Mau montou uma seqüência absolutamente prazerosa de 12 faixas, cada uma apurada com detalhes e texturas sonoras imprevisíveis. Logo na primeira faixa (Um Novo) uma gaita de blues entra no circuito; um piano jazzístico é o condutor da bipolar Hipjazz, cujo título traduz bem a fusão dos dois gêneros; a levada do hip-hop toma pulso na climática That?s It, seguida pelas batidas quebradas de See Me, uma das mais experimentais; 9997 confronta electro e tribal leve; e assim por diante... Tudo muito interessante. Conceito de álbum "Quando comecei a fazer o disco, pensei muito nas pessoas que gostam de música eletrônica e não são DJs", diz Mau Mau. "Os DJs quando fazem uma música é sempre para tocar na pista. Não queria fazer mais um disco de DJ para DJ, mas para as pessoas que, além de música eletrônica, gostam e ouvem outras coisas em casa." Aí entra também o conceito de álbum, preocupação que não tem quem faz um single sem outro compromisso senão o de divertir quem dança. Para buscar um modelo de ouvinte ele nem precisou sair de casa. Ainda mais agora que montou estúdio próprio e pôde elaborar o trabalho com toda calma. O próprio Mau Mau ouve diversos gêneros de música e Art, Plugs and Soul é uma espécie de balanço de vida A princípio era para ser um álbum dançante, mas o choque pela morte da mãe no início de 2006 desencadeou em Mau Mau uma série de reflexões a respeito de tudo, da própria existência. Daí a busca por uma música de conteúdo mais profundo; e a origem das camadas de melancolia permeiam faixas como Perfect Blur e Choro Ritual. A situação do DJ se mantém intacta, apesar dos descaminhos. "Amo o que faço e acho que só vou parar quando não quiserem mais me ouvir, "O lado da profissão que me cansa é ter de viajar muito. Tenho tocado quatro noites por semana." Aos 39 anos, 21 de carreira de DJ profissional, Mau Mau acredita que a tendência é bater menos ponto na noite e cuidar mais da produção, tornar-se mais seletivo na escolha dos lugares onde tocar. A diversidade sonora também já faz parte de seu estilo, seja como DJ ou produtor. Seu primeiro álbum, Music Is My Life (2004) tinha tramas de house, funk, techno de Detroit (uma de suas referências mais fortes), electro e algumas influências de ritmos brasileiros, que se intensificaram nos dois álbuns de seu projeto paralelo M4J. Ele até pensou em lançar Art, Plugs and Soul com um outro pseudônimo para marcar ainda mais as diferenças. "Fiquei na dúvida, porque também sempre quis trabalhar esse outro lado da música eletrônica. Abrir uma porta para quem é bitolado só no som das pistas e não conhece meu trabalho tão a fundo", diz. Som e imagem Atraído cada vez mais pela fusão de som e imagem, Mau Mau agora já trabalha no DVD com remixes das faixas do novo CD. Previsto para sair no fim do ano, o DVD vai ter clipes assinados por vários diretores, ainda não definidos. Na festa de hoje no Royal o DJ promete incluir um ou outro remix de músicas do CD - porque na pista é outra história. Quem já viu entende por que ele é considerado "o maior DJ do Brasil". "Não sei bem como lidar com isso. Eu só gosto de tocar e ver as pessoas dançarem, mas acho bacana. Vejo esse título como uma recompensa por tudo o que eu passei. No início não foi fácil." Ele tanto arrasa tocando techno como house, hip-hop ou tecnopop dos anos 80, quando tudo começou. "Quando fui a primeira vez ao Madame Satã, em 1985, eu ainda era uma criança", brinca. "Fiquei chocado com tudo, com a atitude das pessoas, os punks, com o som e comecei a prestar atenção nos DJs que tocavam aquilo: Marquinhos MS e Magal. Tudo que eu sou devo a esse momento no Madame Satã." DJ Mau Mau. - Royal Club (300 lugares). Rua da Consolação, 222, Centro, S.Paulo, 3063-2353. Nesta quinta-feira, a partir das 23h. Preço: R$ 40 (mulher) e R$ 80 (homem)

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